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Exército e Marinha também contrataram empresa que ofereceu software de espionagem para Abin

Um contrato para ‘ampliação da plataforma de inteligência’ foi fechado pelo escritório de Washington do Exército em 2018; Força diz que não pode se manifestar, alegando sigilo, e Marinha ainda não respondeu

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Foto do author Vinícius Valfré
Atualização:

BRASÍLIA - O Exército e a Marinha também contrataram a empresa que ofereceu a ferramenta israelense usada pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), no governo de Jair Bolsonaro, para monitorar jornalistas, políticos e até ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os contratos mais recentes, firmados com dispensa de licitação, foram fechados em 2018 e 2019, conforme registros públicos. No caso do Exército, o acordo se deu por meio do escritório de Washington – um mecanismo de compras que está sob cujas compras estão sob investigação do Tribunal de Contas da União (TCU).

Exército também tem contrato com empresa para fornecimento de sistema que está sob suspeita na Abin Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO

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O Exército pagou US$ 10,7 milhões à Verint Systems LTD para “ampliação da plataforma Verint de Inteligência” pelo período entre 23 de outubro de 2018 a 30 de março de 2022. Era uma aquisição atrelada à base do Comando de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército.

Já o Comando da Marinha fez a compra por meio do seu Centro de Inteligência e pagou US$ 200 mil para “contratação de serviços referentes à aquisição tecnológica do sistema Verint”. O acordo também se deu por inexigência de licitação e não tem detalhes divulgados.

A jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, publicou que a Polícia Federal tem indícios de que o Exército contratou o mesmo sistema usado pela Abin para monitorar alvos de interesse de Bolsonaro.

Ainda não há informações oficiais sobre qual foi o contrato em que o acesso ao sistema foi entregue aos militares, nem como teria se dado um eventual uso indevido da tecnologia. Tanto o Exército como a Marinha foram procurados para se manifestarem sobre o contrato.

Em nota, o Exército disse que não poderia responder às perguntas feitas pelo Estadão porque, conforme a Lei de Acesso à Informação, são consideradas sigilosas informações que afetam “áreas de interesse estratégico nacional” e podem “pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autoridades”.

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A Marinha afirmou que “o contrato citado possui caráter sigiloso, por conter informações sensíveis, relacionadas à atividade de inteligência voltada ao desempenho operacional da Força”, mas disse que “desenvolve as referidas atividades em conformidade com a Constituição Federal e com as normas constantes no ordenamento jurídico nacional”.

O contrato da Abin, com dispensa de licitação, para o uso do software de localização, chamado First Mile, teve início no fim de 2018, no governo de Michel Temer (MDB). O programa foi comprado por R$ 5,7 milhões da empresa israelense Cognyte (atual nome da Verint), de acordo com o MPF.

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