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Disputas de poder e o debate político-cultural brasileiro

Opinião|Agressão a Musk mostra que Lula é até contra a internet

Seus assessores e fãs políticos também devem evitar uso de tecnologias como satélites de monitoramento ambiental, GPS, Waze, Google Maps e outras tecnologias originadas na exploração espacial

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Foto do author Fabiano Lana
Atualização:

O presidente Lula deu um recado ao excêntrico e controverso ao bilionário Elon Musk. Com a agressividade verbal tão comum quando está num palanque servil, somado com o estilo de quem sempre está a dar lições à humanidade disse: “Ao invés de ajudar, tá fazendo foguete, tentando procurar lugar para morar. Não tem, babaca, é aqui. Aqui na Terra”. A lição foi clara, e se soma com a frase dita em abril de que bilionários, ao invés de fazer foguetes, deveriam cuidar da preservação da Amazônia. O alerta deve ser cumprido por todos os assessores e militantes que consideram Lula como guia e Musk uma pessoa que merece ser verbalmente agredida. Nada de utilizar aqui no nosso Planeta aquelas tecnologias que só foram possíveis graças à exploração espacial.

Para começar, como Lula falava em um evento relacionado com o meio ambiente, o governo não deveria mais monitorar as queimadas por meio de satélites. O que pode ser uma boa para o quando os números não vierem assim tão favoráveis, como ocorreu com os incêndios no Pantanal. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, concorda com a tese?

Presidente da República foi ao ataque ao bilionário Elon Musk mais uma vez Foto: Wilton Junior/Estadão

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Em respeito ao presidente, os seus assessores e fãs políticos também devem evitar uso de tecnologias como GPS, Waze, Google Maps e tantos outros aplicativos que ajudam na orientação nas cidades e estradas. Afinal, foram preciso caríssimos foguetes para que tais tecnologias fossem viáveis.

Nada também de checar WhatsApp, Instagram, com suas redes sustentadas por satélites. Orientem as crianças a nunca mais assistirem ou produzirem vídeos com dancinhas de Tik Tok. Devem voltar a escrever cartas e comprar as revistas de fofoca em papel - como a Contigo, lembram-se? Transações bancárias por celular precisam ser evitadas. É preciso voltar aos bancos e enfrentar longas filas. E espere, semanas, para que as transações sejam efetivadas, porque antigamente as tecnologias espaciais já eram utilizadas pelas instituições bancárias para as compensações. Em resumo, nunca mais faça ou receba um Pix.

Não escutem mais suas músicas preferidas no Spotfy! Voltem ao vinil, nesse caso, uma opção mais elegante. Reuniões online? Esqueçam. Encontrem-se presencialmente. Vão de carros antigos porque hoje os aviões e mesmo os automóveis mais modernos utilizam tecnologia sideral. Há ainda uma série de benefícios decorrentes da exploração espacial na medicina, na purificação de água, nos sistemas educacionais e uma série de outras coisa que se deve abandonar caso apliquemos com rigor a doutrina Lula enunciada no evento no Ceará.

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Podemos até imaginar que o presidente esteja preocupado com a escalada tecnológica resultando em adultos e crianças a passar horas e horas com os rostos colados em telas ou que não aguente mais ouvir áudios de zap de assessores aspones, o que é compreensível. Mas é pouco provável. Tudo indica que o ataque a Musk foi apenas mais uma declaração que revela uma ignorância das galáxias – talvez um avanço em relação as declarações sobre normalizar fraudes eleitorais e ditaduras, se quisermos apreciar de maneira positiva a incrível sequência de bobagens presidenciais.

Se se você for um daqueles que sempre está a justificar as ações e falas do presidente e ler esse texto por meio da internet, saiba que também está desrespeitando as convicções do grande líder petista - que a suposta experiência só faz crescer uma língua descontroladamente emissora de grandes sandices. Por último, mas não menos importante, se não fosse a tecnologia de satélites (levadas por foguetes) de empresas como a Starlink, de Musk, nem seria possível fazer agressões em páginas de comentários ou no Twitter, um grande passatempo nacional.

Opinião por Fabiano Lana

Fabiano Lana é formado em Comunicação Social pela UFMG e em Filosofia pela UnB, onde também tem mestrado na área. Foi repórter do Jornal do Brasil, entre outros veículos. Atua como consultor de comunicação. É autor do livro “Riobaldo agarra sua morte”, em que discute interseções entre jornalismo, política e ética.

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