A derrota por pouquíssimos votos de Pablo Marçal na eleição de São Paulo pode ser uma boa notícia para quem já se exasperava com o estilo de eleição vale-tudo se espalhar para o Brasil. A imprudência temerária do candidato do PRTB, incluindo a abominável tentativa de incriminar Guilherme Boulos com um laudo médico falso, o prejudicou na reta final. Marçal já tinha os votos dos radicais, tentou ir em direção ao centro, mas sua natureza impetuosa o traiu. O recado que fica é: candidatos de nicho podem ir muito longe, mas não conseguem vencer a não ser em circunstâncias muito específicas.
Muita coisa do estilo Marçal de fazer campanha veio para ficar. Isso incluí a habilidade no uso das redes, agilidade, e mesmo ousadia. Conseguiu dominar a pauta com seus cortes e acusações. Porém, tanto avanço em modernidade veio por meio de um postulante de caráter bastante questionável, aparentemente sem limites éticos, e isso o prejudicou. A cadeirada que levou foi um símbolo de onde seus abusos podem levá-lo.
Quem está aliviado agora é o prefeito Ricardo Nunes. Muito difícil os eleitores de Marçal optarem pelo PSOL. O desafio da campanha de Boulos passa por atrair candidatos marçalistas, mas aí parece ser uma questão inconciliável de água e vinho. Nunes, que parecia ser o primeiro candidato de ninguém é hoje o favorito para vencer na maior cidade do continente. Campanha municipal tem questões muito concretas a discutir: buracos, lixo, limpeza urbana, iluminação, algo que quem é extremista tem dificuldade de lidar e debater, preferem as ofensas e a gritaria.
No final das contas, entre os radicais à esquerda e à direita, em várias cidades do Brasil como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, quem irá definir as eleições serão os eleitores de centro, cansados da tal polarização. Os líderes políticos Lula e Bolsonaro, craques em insuflar suas claques contra os inimigos políticos, foram coadjuvantes nas campanhas. Isso, num momento de ânimos tão exacerbados, é uma notícia promissora.
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