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Fábio Faria é exonerado do Ministério das Comunicações

De acordo com publicação no Diário Oficial da União, o próprio ministro pediu demissão

Foto do author Eduardo Gayer
Por Letícia França e Eduardo Gayer
Atualização:

A poucos dias de encerrar o mandato, o presidente Jair Bolsonaro (PL) exonerou, nesta quarta-feira, 21, o ministro das Comunicações, Fábio Faria. A decisão foi publicada na edição de hoje do Diário Oficial da União. De acordo com o documento, o pedido partiu do próprio Faria.

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Ao Broadcast Político, o agora ex-ministro afirmou que deixou o posto para assumir seu mandato de deputado na Câmara dos Deputados antes de uma viagem familiar. “Vou viajar amanhã para Orlando [Estados Unidos] com a família e tenho que assumir a Câmara antes de ir. Não poderia assumir o mandato fora do Brasil”, disse o ex-ministro, acrescentando se tratar de uma questão regimental.

A volta de Faria à Câmara dos Deputados acontece no dia em que a Casa vota, em segundo turno, a PEC da transição. A medida é defendida pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas esbarra na resistência do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que foi apoiador de primeira hora do governo Bolsonaro e agora negocia cargos na gestão petista.

Fabio Faria faz balanço sobre o Leilão 5G durante entrevista coletiva a imprensa. Foto: Dida Sampaio/ Estadão - 05/11/2021

Fábio Faria estava no comando do Ministério das Comunicações desde junho de 2020, após Bolsonaro decidir recriar a pasta, que até então era vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. No período em que esteve à frente do ministério, Fábio liderou a implantação da tecnologia 5G no Brasil.

Deputado federal licenciado, Faria esteve filiado ao Partido Social Democrático (PSD) durante mais de uma década. Neste ano, mudou para o Progressistas (PP), do presidente da Câmara, Arthur Lira. Ele chegou a cogitar lançar candidatura ao Senado Federal pelo Rio Grande do Norte nas eleições de 2022. Mas, em fevereiro, desistiu de seguir na disputa e anunciou que permaneceria no governo até o fim do mandato de Jair Bolsonaro.

Na época, Fábio disputava o apoio do presidente com o então ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que acabou se candidatando a senador também pelo estado potiguar e vencendo a eleição. Nos bastidores, Faria e Marinho protagonizaram um embate pela preferência de Bolsonaro e das forças políticas governistas no Rio Grande do Norte. O presidente avisou que não iria arbitrar o confronto e pediu que os dois se entendessem.

Em um evento de inauguração de obras da transposição do Rio São Francisco, em Jardim de Piranhas (RN), o próprio Fábio disse que apenas um dos ministros pleitearia o cargo. As falas do ministro nessa ocasião renderam uma representação do Ministério Público Eleitoral no Rio Grande do Norte contra ele por propaganda eleitoral antecipada.

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Depois de desistir da candidatura, Fábio Faria passou a atuar como um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro à reeleição. Em outubro, já a poucos dias do segundo turno, o ministro convocou uma coletiva de imprensa às pressas para denunciar o que chamou na época de ‘fato grave’, sob a alegação de um suposto privilégio ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na veiculação de inserções de rádios (propagandas eleitorais de 30 segundos) no segundo turno.

Na ocasião, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, classificou a denúncia como inconsistente, disse que o relatório apresentado à Corte era “apócrifo” e pediu provas. Moraes também pediu investigação para averiguar possível “cometimento de crime eleitoral com a finalidade de tumultuar o segundo turno do pleito em sua última semana”.

Pouco tempo depois, Faria recuou e admitiu, ao Estadão, que se arrependeu de ter divulgado o caso das rádios quando o tema passou a ser usado como estratégia pela família do presidente Jair Bolsonaro para tentar adiar a votação do segundo turno. Ele também relatou que foi gasto cerca de R$ 1,5 milhão com a produção de dossiê para tentar embasar a denúncia.

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