O advogado de Jair Bolsonaro (PL), Fábio Wajngarten, criticou a divulgação do indiciamento do ex-presidente pela Polícia Federal (PF) nesta terça-feira, 19. O ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro considerou a publicação da informação como “vazamento” e disse que o caso se trata de “perseguição política e tentativa de esvaziar o enorme capital político que só vem crescendo”.
“Vazamentos continuam aos montes ou melhor aos litros. É lamentável quando a autoridade usa a imprensa para comunicar ato formal que logicamente deveria ter revestimento técnico e procedimental ao invés de midiático e parcial”, disse Wajngarten no X (antigo Twitter).
Além do ex-presidente Jair Bolsonaro, a PF também indiciou o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, na investigação sobre suposta fraude em certificados de vacinação contra a covid-19 do ex-chefe do Executivo, com a inserção de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde.
Para Wajngarten, o indiciamento é um “absurdo”. O advogado disse, também no X, que “o mundo inteiro conhece a opinião pessoal do presidente Jair Bolsonaro quanto ao tema da vacinação, muito embora ele tenha adquirido mais de 600 milhões de doses”.
Ele ainda provocou outros políticos ao citar uma indiferença “à essa perseguição” e afirmou que a relação “unilateral” não pode servir como “ativo eleitoral de quem quer que seja”. Declarou ainda aos “oportunistas de ocasião” que “gafanhotos terão vida curta”.
A investigação que resultou no inquérito que apura se houve manipulação de dados nos certificados de vacinação contra a covid-19 de Bolsonaro e da filha dele, Laura, é decorrente do inquérito das milícias digitais. O caso tramita em sigilo no Supremo Tribunal Federal (STF), relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, e foi a partir dele que se deu o acordo de delação premiada de Cid.
No ano passado, em maio, a PF cumpriu 16 mandados de busca e apreensão e seis de prisão. Bolsonaro teve o celular apreendido. Foram presos Mauro Cid; o policial militar Max Guilherme de Moura, que atuou na segurança presidencial; o militar do Exército Sérgio Cordeiro, que também atuava na proteção de Bolsonaro; o sargento Luís Marcos dos Reis, da equipe de Cid; o secretário municipal do Governo de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha; e o ex-major do Exército Ailton Gonçalves Barros, que concorreu a deputado estadual do Rio de Janeiro pelo PL nas últimas eleições.
A inserção de informações falsas de suposta vacinação contra o coronavírus em sistemas do Ministério da Saúde, que depois foram retiradas, serviram, segundo a PF, como um mecanismo para a obtenção de vantagens ilícitas. Conforme as investigações, os dados foram forjados dias antes da viagem de Bolsonaro, em dezembro de 2022, aos Estados Unidos, que na época exigia o certificado de vacinação para permitir a entrada de estrangeiros no país.
Na data da operação, já em 2023, o ex-presidente afirmou em entrevistas que não havia se vacinado, mas negou as acusações de fraudes.
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A PF imputa a Bolsonaro e Cid supostos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação. O primeiro tem pena prevista de um a três anos de reclusão. Já o segundo delito pode resultar em uma pena de reclusão de dois a 12 anos, além de multa.
O indiciamento foi enviado ao Ministério Público e, como o inquérito tramita no STF, seguirá diretamente para a Procuradoria-Geral da República. Após análise do material da investigação, os procuradores vão decidir se os elementos são suficientes para levar o caso à Justiça a partir da apresentação de denúncia.
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