Família Cabral tinha 15 empregados e gastava até R$ 150 mil por mês

Governanta contou que foi procurada por um operador de Cabral, Carlos Miranda, para que ela abrisse uma empresa, na qual nunca trabalhou, com objetivo de camuflar a origem dos recursos que recebia

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RIO - A governanta da família do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), Sônia Ferreira Baptista, disse nesta sexta-feira, 17, que comandava 15 empregados domésticos do casal e recebia R$ 20 mil mensais, trabalhando em home office. Ela revelou que, durante algum tempo, foi remunerada pelo Senac-RJ, onde era lotada em um cargo comissionado, mas nunca trabalhou na função – era empregada do governador. As despesas mensais da família chegavam a R$ 150 mil. As declarações foram feitas em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal.

Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, durante sua prisão Foto: Rodrigo Félix/Estadão

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Sônia contou também que em uma ocasião foi procurada por um dos operadores de Cabral, Carlos Miranda, para que ela abrisse uma empresa, na qual nunca trabalhou. O objetivo era camuflar a origem dos recursos que recebia.

“Ele sugeriu que eu abrisse uma empresa para que eu tivesse a renda comprovada. Eu só emitia as notas fiscais”, afirmou.

Sônia disse que uma de suas tarefas era cuidar das atividades e do pagamento dos cinco empregados do apartamento de Cabral no Leblon, na zona sul do Rio. Havia mais cinco de sua casa de veraneio, em Mangaratiba, e outros cinco trabalhavam na casa de sua ex-mulher do governador, Susana Neves, na Lagoa.

Ela também afirmou que tratava do dia-a-dia dos cinco filhos do ex-governador. Eram tarefas como tratar de matrículas no colégio, compra de material escolar, aulas de natação, intercâmbio com  exterior, cuidar de consultas médicas e do pagamento do seguro dos quatro carros da família.

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Segundo ela, mensalmente, a família gastava R$ 40 mil com o pagamento dos salários dos empregados. Sônia disse que Carlos Miranda lhe dava o dinheiro para os pagamentos.

Questionada pelo procurador Sérgio Pinel, disse que apenas uma vez recebeu dinheiro de outro operador de Cabral, Luiz Carlos Bezerra, mas que o valor foi “pequeno”, em suas palavras, “de R$ 12 mil a R$ 15 mil”.

O Estado procurou o Senac-RJ, mas até o fim da tarde a instituição não se manifestara.

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