BRASÍLIA – A família de Cleriston Pereira da Cunha, preso no 8 de Janeiro que morreu nesta segunda-feira, 20, após sofrer um mal súbito na Penitenciária da Papuda, em Brasília, considera ter havido descaso do Supremo Tribunal Federal (STF) com o réu, que sofria de problemas de saúde e tinha um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) favorável à soltura dele.
Cleriston foi preso enquanto participava da invasão dos prédios públicos e era um dos bolsonaristas que estavam na primeira leva de presos encaminhados para a Papuda no dia 9 de janeiro. Enquanto estava detido provisoriamente na penitenciária, ele recebia remédios controlados para diabete e hipertensão e era acompanhado por uma equipe médica.
Em entrevista ao Estadão, o irmão de Cleriston, Cristiano Pereira da Cunha, afirmou que a família está indignada pela demora do STF em despachar a concessão da liberdade provisória e relaciona a detenção na Papuda com o mal súbito ocorrido nesta segunda-feira.
A gente considera um descaso. Já tinham vários laudos. Ele sofreu um mal súbito lá dentro. Infelizmente, eles não apreciaram e terminou chegando à conclusão do que a médica já havia dito: que ele iria sofrer um mal súbito. Fica aí a indignação”
Cristiano Pereira da Cunha, irmão do réu morto por um mal súbito
Cristiano é vereador de Feira da Mata, um pequeno município no oeste da Bahia, e filiado ao PSD. Ele disse que o irmão decidiu participar do 8 de Janeiro por “aquilo que motivou todos os brasileiros” e o chamou de “verdadeiro patriota”.
O velório e sepultamento do preso no 8 de Janeiro vão ocorrer na Bahia, em um cemitério de um distrito de Feira da Mata onde vive a família.
Por participar dos atos golpistas, Cleriston respondia a uma ação penal por acusações de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Em abril, durante o julgamento sobre o recebimento da denúncia contra Cleriston, o advogado do réu, Bruno Azevedo de Souza, disse que as condições de saúde eram preocupantes. “Essas condições podem acarretar em complicações fatais para o paciente. Nesse sentido, é notório que a segregação prisional pode acarretar uma sentença de morte”, disse.
Por conta da sua condição física, a defesa de Cleriston havia pedido ao ministro Alexandre de Moraes para que ele fosse colocado em liberdade provisória. No dia 1º de setembro, a Procuradoria-Geral da República (PGR) deu parecer favorável ao pleito, mas ainda não havia um despacho do STF sobre a solicitação.
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