Família de ex-líder de Bolsonaro no Senado entra dividida na eleição de Pernambuco

Miguel Coelho, filho de Fernando Bezerra Coelho, entram na disputa em chapa rival do tio, Guilherme Coelho

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Por Augusto Tenório

ESPECIAL PARA O ESTADÃO/RECIFE - Os Coelho, um dos mais influentes clãs políticos de Pernambuco, entram mais uma vez divididos na eleição deste ano. Miguel Coelho (União Brasil) concorre ao governo do Estado enquanto seu tio, Guilherme Coelho (PSDB), está no palanque adversário, concorrendo ao Senado, na chapa de Raquel Lyra (PSDB),também candidata ao Palácio do Campo das Princesas.

Miguel é filho do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), um dos políticos mais tradicionais de Pernambuco e ex-líder do governo de Jair Bolsonaro (PL) no Senado. O parlamentar abriu mão de tentar um novo mandato para se dedicar à eleição do filho e comanda o núcleo político rival ao do primo - ambos já disputaram a prefeitura de Petrolina, cidade a 700 km do Recife, com 360 mil habitantes.

Miguel Coelho (União Brasil), filho de Fernando Bezerra Coelho, ex-líder de Bolsonaro no Senado, é candidato ao governo do Estado de Pernambuco  Foto: Pipo Fontes/UNIAO BRASIL

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Fernando Bezerra venceu a disputa municipal em 1992, derrotando o candidato do então PFL, partido liderado por Guilherme, que era prefeito. Em 1996, Guilherme voltou ao comando da prefeitura, derrotando o candidato do MDB, legenda de Fernando. Com Guilherme Coelho como vice, Júlio Lóssio, outra líder local, foi eleito prefeito, derrotando Fernando Filho, seu sobrinho, em 2012.

Entre idas e vindas, Fernando Bezerra e Guilherme Coelho se reaproximaram em 2016 para voltar à prefeitura de Petrolina. Naquele ano, o grupo lançou Miguel Coelho, à época no PSB, ao Executivo municipal. Na ocasião, o núcleo do senador fazia parte da aliança construída em torno do então governador Eduardo Campos. Para selar o entendimento entre os dois grupos familiares, Guilherme Coelho indicou Luska Portela como vice-prefeito no primeiro mandato de Miguel Coelho.

Aliados da família ouvidos pelo Estadão confirmam que a relação entre os primos é distante hoje. Interlocutores dão conta, inclusive, de um convite feito a Guilherme para trocar o PSDB pelo União Brasil ou mesmo o Podemos, que integra a base aliada de Miguel Coelho. Isso ocorreu antes de o ex-deputado ser cotado ao Senado. Ele recusou a adesão, por achar que o panorama mais favorável para a eleição a deputado federal seria a permanência na legenda presidida por Raquel Lyra, que deixou o comando da prefeitura de Caruaru para concorrer ao governo.

À época do convite, segundo interlocutores, o confronto direto com seus parentes não estava nos planos de Guilherme Coelho. Até a sinalização de que Armando Monteiro (PSDB), líder nas pesquisas de intenção de voto ao Senado, não seria candidato, ele tinha planos de tentar uma vaga na Câmara dos Deputados. No entanto, foi convocado pelos tucanos a tentar a disputa majoritária após o ex-ministro bater o pé, negando candidatura.

Guilherme Coelho (PSDB) (a à esq.), que concorre ao Senado, na chapa que tem ao governo do Estado de Pernambuco Raquel Lyra (PSDB) (centro) e Priscila Krause (Cidadania) (à esq.) como vice Foto: PSDB

Sendo assim, Guilherme entra na disputa como forma de fazer Raquel Lyra crescer no Sertão. Nos bastidores, indica-se que a ex-prefeita de Caruaru e o ex-prefeito de Petrolina precisam ocupar o eleitorado um do outro para garantir uma vaga no segundo turno da disputa pelo governo de Pernambuco.

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Disputa familiar começou com os pais em Petrolina há quatro décadas

A rivalidade entre Fernando e Guilherme não nasceu no confronto direto entre os primos. Trata-se de uma disputa herdada pelos ex-prefeitos de Petrolina: seus pais cortaram relações, há quase quatro décadas, dando início a um embate que continua afetando as gerações mais novas da família.

O clã, cuja base é o Sertão do São Francisco, começou sua história na política com Clementino Coelho (1885-1951), conhecido na região como o Coronel Quelê, ainda no início do século passado. O latifundiário teve cinco filhos que seguiram a carreira política, sendo Nilo Coelho o mais proeminente. Foi ele quem assumiu o papel de liderança após a morte do patriarca, chegando a ser governador biônico de Pernambuco durante a ditadura militar, entre 1967 e 1971, e eleito senador pelo Arena.

Nilo morreu em 1983, quando era presidente do Senado, desencadeando uma disputa entre irmãos. O empresário Paulo de Sousa Coelho, pai de Fernando, entrou em conflito com Oswaldo Coelho, pai de Guilherme e deputado federal. Para fazer oposição ao irmão, Paulo retirou o filho do então PFL e filiou-o ao PMDB, Partido do Movimento Democrático Brasileiro, hoje rebatizado de Movimento Democrático Brasileiro (MDB), onde permanece até hoje.

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