Felício Ramuth, o dançarino que fez carreira política como um fiel alckmista

Eleito vice-governador, deixou PSDB e virou nome de Kassab na chapa de Tarcísio

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Foto do author José Maria Tomazela

Então prefeito de São José dos Campos, Felício Ramuth, de 53 anos, decidiu deixar o PSDB em maio do ano passado quando soube pelos jornais que o então vice-governador Rodrigo Garcia abandonaria o DEM para se tornar tucano. A mudança era parte de uma engenharia política ousada do na época governador João Doria, que planejava transmitir o cargo para o aliado “leal” quando saísse para disputar a Presidência da República.

Ao ser informado da notícia, Garcia chamou Ramuth em seu gabinete para tentar demovê-lo da decisão. O então vice ouviu que não era nada pessoal, mas o PSDB tinha bons quadros e não precisava lançar alguém “de fora”.

Foi de fora do PSDB – partido ao qual era filiado desde 1993 – que Ramuth foi eleito vice-governador do Estado na chapa com Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Felício Ramuth, vice-governador eleito do Estado de Sao Paulo na chapa de Tarcisio de Freitas. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

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Foi de uma sala ampla da sede do PSD no 15.º andar do icônico edifício Joelma, no centro de São Paulo, que o vice-governador eleito despachou na semana passada, enquanto Tarcísio estava nos Estados Unidos com a família.

A sua escolha como vice na chapa do ex-ministro da Infraestrutura de Jair Bolsonaro (PL) foi fruto de uma articulação do presidente do PSD, Gilberto Kassab, e só foi possível porque Geraldo Alckmin desistiu de tentar voltar ao Palácio dos Bandeirantes pela sigla e migrou para o PSB, ingressando como vice na chapa presidencial vitoriosa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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Em toda sua carreira política, Ramuth militou no grupo de Alckmin no PSDB. Foi fiel defensor do ex-governador em todos os embates internos com José Serra, Aécio Neves e, mais recentemente, Doria.

“No final de 2021, o Geraldo veio me procurar quando queria ser candidato a governador de novo. Eu disse que gostaria de renovação, mas ele teria meu apoio. No começo de janeiro de 2022, o Geraldo me chamou de novo na padaria que ele frequenta no Morumbi e disse, com os olhinhos brilhando, que seria vice do Lula”, contou o vice eleito.

A decisão de Alckmin provocou uma guinada no cenário paulista. Antes de fechar com Kassab, Ramuth conversou com Valdemar Costa Neto (PL), Michel Temer (MDB) e Renata Abreu (Podemos).

Bailarino

Antes de entrar na política, Ramuth sonhava ser ator e chegou perto de seguir carreira no teatro. “Sou dançarino de dança folclórica israelita e sei as marcações do balé. Fiz teatro com (o ator) Caco Ciocler na Hebraica. Nós fizemos juntos a peça O Gênio do Crime (baseada no livro de João Carlos Marinho)”, lembrou.

Ramuth chegou a São José dos Campos aos 17 anos por acaso. Ele e o irmão, um ex-jogador profissional de tênis de mesa – que foi parceiro do campeão e atleta olímpico Cláudio Kano –, moravam em São Paulo, mas foram para a cidade do Vale do Paraíba assumir uma pequena loja de ferragens e madeiras do pai, que havia sofrido um enfarte. O Gasômetro Madeiras cresceu e se tornou uma rede de dez lojas, mas Ramuth está afastado dos negócios.

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Na política, o vice-governador eleito sempre atuou como um tucano clássico da ala “alckmista”. Foi secretário e se elegeu prefeito em 2016, sendo reeleito em 2020.

Família

“São José foi certificada como a primeira cidade inteligente do Brasil e isso é coisa que o Felício conseguiu”, elogiou o deputado federal Milton Vieira (Republicanos-SP). O parlamentar, que é pastor evangélico, classificou o vice-governador eleito de São Paulo como “muito família, preocupado com a população”.

Ramuth minimiza eventual pressão do bolsonarismo para ocupar cargos no governo paulista e garante que o Palácio dos Bandeirantes não será um cabide de emprego para aliados derrotados do presidente da República.

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