Fundado em 2011 e registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2015, o Novo concorreu à Presidência da República pela primeira vez em 2018 e conseguiu ter um certo destaque. João Amoêdo ficou em quinto lugar, com 2,5% dos votos válidos, o que representou mais de 2,6 milhões de eleitores, à frente de nomes como Henrique Meirelles (MDB), Marina Silva (Rede), Alvaro Dias (Podemos) e Guilherme Boulos (PSOL).
Para 2022, havia grande expectativa em relação à candidatura de Felipe d’Avila. Afinal, o Novo ganhou musculatura, governa o segundo maior colégio eleitoral do País – Minas Gerais – e tem oito deputados federais. Porém as pesquisas de intenção de voto mais recentes mostram que nem mesmo o desempenho de Amoêdo, de quatro anos atrás, será repetido desta vez. D’Avila, no melhor dos cenários, tem 1% – em vários levantamentos, nem chega a pontuar.
Os percalços para a candidatura começaram antes mesmo de a campanha ir às ruas. O Novo optou por lançar uma chapa “pura” após tentar, sem sucesso, construir uma coligação mais ampla. Com o deputado federal Tiago Mitraud (MG) como vice, D’Avila chegou à disputa pela Presidência em situação adversa em comparação com outros candidatos. Como o Novo optou por não usar recursos do fundo eleitoral e sem aliados na coligação, o candidato não teve muito dinheiro nem tempo de exposição no horário eleitoral na TV e no rádio. Foram apenas 19 segundos a cada bloco de 12 minutos e 30 segundos.
Cientista político, escritor e fundador do Centro de Liderança Pública (CLP), Felipe D’avila tem 59 anos e é casado com Ana Maria Diniz, filha do empresário Abilio Diniz. Com o discurso de que o “Brasil precisa de um pacificador”, o candidato tentou atrair o eleitorado anti-Bolsonaro e anti-Lula com a promessa de que o Novo era o único partido comprometido com a construção de uma terceira via. Suas principais pautas ao longo da campanha foram a responsabilidade fiscal e o liberalismo econômico.
Nos debates, D’Avila focou no combate à corrupção e na defesa do Estado mínimo. Destinou críticas a Bolsonora e Lula, a quem chegou a chamar de “Barrabás”. Porém, virou meme na internet por dizer que é “cidadão como qualquer outro”. Nas redes sociais, a fala gerou reações pelo fato de ele ter o maior patrimônio declarado entre todos os candidatos à Presidência: mais de R$ 24 milhões entre imóveis e aplicações financeiras. Errou, ainda, o nome da Lei Maria da Penha, que chamou de “Maria da Paz”.
Para o presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, os desafios de D’Avila foram o desconhecimento da população, que tentou reverter na campanha, e a “desilusão da sociedade com a política”. “Fizemos uma campanha espartana. E, dentro do que orçamos e projetamos para captar, sem gastos desnecessários. Mesmo assim, Felipe tem nos representado com maestria e já se tornou uma grande liderança do Novo e do campo liberal no Brasil”, disse Ribeiro.
D’Avila defendeu durante a campanha uma nova reforma trabalhista, privatizações e estímulo ao federalismo, pautas já conhecidas do Novo. Abordou também pontos polêmicos, que enfrentam forte resistência em certos setores da sociedade, como estabelecer mandato para o diretor da Polícia Federal e mudança nas normas para a escolha dos reitores das universidades públicas.
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