Haddad diz que Tarcísio ‘não confia’ na polícia e ‘não entende nada’ de Segurança

Ex-prefeito concedeu entrevista à Rádio Eldorado/’Estadão’; petista criticou ideia de retirar câmeras dos uniformes de policiais e destacou acusação de que assessor de rival teria mandado apagar imagens de tiroteio em Paraisópolis

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Ex-prefeito de São Paulo e candidato do PT ao governo do Estado, Fernando Haddad atacou as propostas do ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) para a segurança pública e afirmou que seu adversário não entende “absolutamente nada” do assunto. O petista criticou a ideia de desmembrar a Secretaria de Segurança Pública em duas pastas, uma comandada pela Polícia Civil e outra pela Polícia Militar, inspirada no modelo adotado pelo Rio de Janeiro - plano que o rival já afirmou ter descartado.

PUBLICIDADE

“O Rio não é exemplo de segurança pública para São Paulo. A Polícia Militar do Rio é considerada uma das mais corruptas do País. Nós vamos trazer esse modelo para cá?”, questionou, em entrevista à Rádio Eldorado e ao Estadão.

Apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio admitiu ter “estudado” o modelo fluminense, mas acabou recuando da proposta. “Uma vez, em um evento, eu disse: ‘tenho simpatia por isso, vou estudar e pode ser feito’, não quer dizer que eu vá fazer. Aliás, já estudei e não vou fazer”, afirmou o ex-ministro ontem, 25, também ao Estadão/Eldorado. Na mesma linha, ele disse ainda considerar rever a ideia de eliminar o uso de câmeras corporais, embora reconheça que sua tendência seria mesmo essa.

O ex-prefeito mencionou o áudio, revelado pelo jornal Folha de S. Paulo, que mostra um integrante da equipe de Tarcísio pedindo a um cinegrafista da Jovem Pan que excluísse vídeos gravados durante o tiroteio que interrompeu agenda do ex-ministro em Paraisópolis, na capital paulista, no último dia 17. Segundo o petista, a atitude demonstra que seu adversário não confia na segurança pública. “Isso é típico de quem não confia na segurança pública, de quem não confia na transparência da apuração de crimes”, afirmou.

Publicidade

O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) participou da entrevista à Rádio Eldorado e ao Estadão via chamada de vídeo.  Foto: ESTADÃO CONTEÚDO / ESTADÃO CONTEÚDO

O candidato vinculou o episódio à defesa de Tarcísio pela retirada das câmeras dos uniformes de policiais. Haddad argumentou que os dispositivos levam transparência à ação policial, beneficiando tanto a população quanto os próprios agentes da Polícia Militar. “A polícia de Nova York usa cada vez mais as câmeras em favor do policial e da sociedade. Transparência é bom para a segurança pública, e meu adversário não tem compromisso com a transparência. Isso é um grave risco”, disse.

Haddad foi entrevistado pelos âncoras da Rádio Eldorado, Carolina Ercolin e Haisem Abaki, e pelo jornalista do Estadão Pedro Venceslau. Veja como foi:

Bilhete único metropolitano

O ex-prefeito voltou a propor a criação do Bilhete Único Metropolitano, cartão que integraria sistemas de transporte da capital com os de outras regiões do Estado e, segundo ele, reduziria o custo de se mover entre uma cidade e outra. “É uma inovação que nós vamos trazer da Europa para São Paulo. O bilhete único não vai ser restrito à sede da metrópole, à capital. Isso vai beneficiar muito o interior, a região metropolitana de Campinas, São José dos Campos, Sorocaba, da Baixada Santista. Todos os trabalhadores que dormem em uma cidade e trabalham na outra serão beneficiados”, afirmou. Como mostrou o Estadão, o candidato promete integrar transporte público em 50% das cidades do Estado.

A medida é um aceno ao interior, que, segundo pesquisas eleitorais, mostra resistência ao candidato do PT. O ex-prefeito afirmou que pretende melhorar seu desempenho junto a esse eleitorado e que “namora” a região na reta final do segundo turno. Em sua fala, ele também buscou se associar a figuras melhores aceitas pelos eleitores da região, como o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o candidato derrotado para o Senado Márcio França (PSB).

Publicidade

“No segundo turno, a gente se dedicou a conversar com o interior. (...) Estamos fazendo um esforço enorme para convencer o eleitorado paulista como um todo de que nós temos um programa efetivo, construído com a experiência de dois ex-governadores, Geraldo Alckmin e Márcio França, de um ex-presidente (Lula) e uma equipe técnica, inclusive, do PSDB histórico, ou seja, gente que acompanhou o Alckmin e hoje me apoia”, disse.

Entre outras propostas listadas pelo candidato na entrevista, estão a recuperação do passe livre do idoso, a reativação da malha ferroviária entre cidades do interior, a reindustrialização de polos como Campinas e ABC Paulista e o fortalecimento das Santas Casas no Estado.

Na terça-feira, o ex-ministro da Infraestrutura e adversário de Haddad ao Palácio dos Bandeirantes, Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi o primeiro entrevistado pela Rádio Eldorado e pelo Estadão. Ele defendeu o que chamou de “liberdade” dos cidadãos para obter a posse, e, em determinados casos, o porte de armas de fogo no Estado, se eleito (veja abaixo como foi a entrevista).

No primeiro turno, o candidato do Republicanos ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, teve 9,8 milhões de votos (42,3%), enquanto o petista recebeu 8,3 milhões de votos, 35,7% do total contabilizado pela Justiça Eleitoral.

Publicidade