Festa de aniversário do PT exibe até Bolsonaro e Carluxo no telão; veja fotos e vídeo

Partido comemorou 44 anos, completados em 10 de fevereiro, com a presença de Lula, Janja e ministros; ex-ministro da Casa Civil do primeiro mandato de Lula, José Dirceu, foi tietado

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Foto do author Vera Rosa
Foto do author Eduardo Gayer
Atualização:

A festa de 44 anos do PT teve até mesmo Jair Bolsonaro e seu filho Carluxo no palco. É que uma série de fotos dos dois, acompanhada de notícias sobre escândalo das joias, gabinete do ódio, Covid-19 e Abin paralela, foi exibida inúmeras vezes em um telão de LED instalado com toda pompa e circunstância no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB). As cenas eram intercaladas por imagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da trajetória do PT nas últimas quatro décadas.

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“A política foi transformada pela extrema direita fascista numa campanha de ódio”, disse Lula ao discursar na festa, ao lado da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e do vice-presidente Geraldo Alckmin.

Antes, o telão mostrava até mesmo um vídeo com trechos das lives de Bolsonaro e do quebra-quebra na Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023, além da fisionomia do ex-presidente em fundo preto, emoldurada pela inscrição “A cara do golpe”.

Vídeo do PT, transmitido na comemoração de aniversário do partido, exibe o ex-presidente Jair Bolsonaro como 'A cara do golpe'. Foto: Reprodução/PT

Com o mote “Em cada canto um país mais feliz!”, a comemoração do PT reuniu 11 ministros, governadores, deputados senadores, prefeitos e vereadores. A ausência mais sentida foi a do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em dezembro do ano passado, a cúpula do PT aprovou uma resolução política com críticas ao que batizou como “austericídio fiscal”. Haddad se irritou. A mesa reservada para ele na confraternização petista ficou vazia. A explicação oficial foi a de que ele estava preparando o primeiro relatório de avaliação do Orçamento de 2024, que será apresentado na manhã desta sexta-feira, 22.

Depois de muito tempo sem frequentar festas do partido, que presidiu de 1995 a 2002, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, por sua vez, circulava alegremente no salão e era tietado por petistas.

O presidente Lula e a primeira-dama Janja na comemoração do PT, ao lado da presidente do partido, Gleisi Hoffmann: discurso contra a extrema direita. Foto: Eduardo Gayer / Estadão

Dirceu voltou à cena política recentemente e se prepara para disputar a eleição de deputado federal, em 2026, mas há quem diga que também pode retornar ao comando do PT. Condenado nos processos do mensalão e do petrolão, ele ainda está inelegível, mas seus advogados entraram com petição no Supremo Tribunal Federal (STF) para anular as condenações da Lava Jato e estão confiantes na vitória.

Sem conseguir ficar muito tempo sentado, de tão procurado que era para tirar selfies, Dirceu atendia a todos os pedidos. Só não quis dar entrevistas. “Hoje estou de boca fechada”, afirmava ele, fazendo um gesto com a mão como se lacrassse os lábios.

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A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e a filha dele, Maria Antônia. Foto: Eduardo Gayer/Estadão

O PT vendeu 1 mil convites para a festa, em valores que iam de R$ 350 a R$ 20 mil, passando por R$ 5 mil. A expectativa de arrecadação do partido gira em torno de R$ 2,5 milhões. Os ingressos davam direito a jantar, bebidas e show com a cantora Teresa Cristina, convidada por Janja.

Todas as mesas estavam enfeitadas com rosas vermelhas e brancas, ladeadas por uma estrela do PT. O partido completou 44 anos em 10 de fevereiro, mas a festa só ocorreu nesta quarta-feira, 20.

Nas rodas de conversa os assuntos eram variados: de apostas sobre o futuro de Bolsonaro às dificuldades no governo. Havia também os que se queixavam da estratégia de “faca no pescoço” usada pelo Centrão.

O diretor-geral de Itaipu Binacional, Enio Verri, reclamava com uma funcionária da Casa Civil que não conseguia falar com o ministro Rui Costa. Famoso por dar chá de cadeira nos colegas, Costa estava lá, mas não ouviu o protesto.

No salão com luzes coloridas, garçons equilibravam bandejas repletas de camarão empanado, coxinha de frango, queijo provolone com melaço de cana e enroladinho de massa folhada com castanha e doce de leite. Na lista de bebidas havia vinhos tinto e branco, espumante rosé, uísque e caipirinhas de limão e morango. Filé mignon ao molho de shimeji, fricassé de frango, farfalle ao funghi secchi e salada silvestre compunham o cardápio.

Como mostrou a Coluna do Estadão, Lula convidou a cantora Maria Rita para sentar à sua mesa e ganhou um bolo de morango após o “Parabéns a você”.

A cantora Teresa Cristina se apresentou no aniversário de 44 anos do PT e cantou uma música de Maria Bethânia a pedido da primeira-dama Janja. Foto: Vera Rosa/Estadão

Janja pediu para Teresa Cristina cantar Brincar de Viver, de Maria Bethânia. “E eu desejo amar todos que eu cruzar pelo meu caminho. Como sou feliz, eu quero ver feliz quem andar comigo. Vem..”, entoou ela. O publicitário Sidônio Palmeira, marqueteiro da campanha de Lula em 2022, acompanhava os versos.

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Sidônio foi chamado na semana passada para socorrer o governo após pesquisas indicarem a queda de popularidade de Lula. Um de seus conselhos é para que o presidente apareça mais e de forma mais descontraída nas redes sociais.

Ainda nesta quarta-feira, 20, por exemplo, Lula foi fotografado correndo diante do Palácio da Alvorada. “Bom dia! Já fez sua atividade física hoje?”, escreveu ele em seu perfil. Em outro momento, o petista foi fotografado alimentando peixes.

Lula dá dica a Nísia: “Não divulgue mais notas”

Com a cadeira cobiçada pelo Centrão, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, era só sorrisos na festa do PT. Após a reunião ministerial de segunda-feira, 18, na qual foi duramente cobrada por Lula e até chorou, Nísia teve outro encontro com o presidente nesta terça, 19, ao lado de secretários.

Lula deu a ela uma dica: “Não divulgue mais notas. Fale. Dê entrevistas”. A ministra passou a seguir o conselho à risca. Mesmo não sendo ffiliada ao PT, Nísia foi procurada por vereadores e prefeitos do partido, que lhe desejavam “coragem” e “boa sorte no cargo”, apesar das pressões do Centrão.

À saída, os convidados ganhavam uma pequena caixa vermelha com a estrela do partido. A sigla PT colada na tampa também era tingida por verde, amarelo, azul e branco. Embaixo havia uma pequena bandeira do Brasil, seguida por uma faixa vermelha com os dizeres: “Há 44 anos o partido do povo brasileiro”.

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