O padre José Afonso Lobato (PV), de 61 anos, deixou a sua paróquia em Pindamonhangaba, no interior paulista, nesta sexta-feira, 9, e foi dirigindo até a capital para tomar posse na Assembleia Legislativa de São Paulo. Ele é o suplente do deputado estadual Fernando Cury (Cidadania), afastado do cargo por 180 dias como punição por ter apalpado os seios da colega Isa Penna (PSOL) no plenário em dezembro do ano passado. Resultado brando, segundo Lobato.
“Ficou barato para ele o afastamento de 180 dias. Tenho cuidado ao dizer isso porque sou parte interessada, mas a pena deveria ser maior”, afirmou. O padre disse ainda que Cury foi extremamente infeliz ao cometer o que considerou “um crime” contra a deputada do PSOL.
O caso segue em investigação na Justiça. O procurador-geral de São Paulo, Mario Luiz Sarrubbo, já ofereceu denúncia contra Cury. Segundo Sarrubbo, o deputado “agiu com clara intenção de satisfazer sua lascívia, praticando atos que transcenderam o mero carinho ou gentileza, até porque não tinha nenhuma amizade, proximidade ou intimidade com a vítima, violando assim, também, o seu dever funcional de exercer o mandato com dignidade”, diz um trecho da denúncia, por ato libidinoso sem consentimento, cuja pena é de até cinco anos de reclusão.
Para Lobato, a Casa errou na avaliação do caso. “Houve um acordão no Conselho de Ética, mas depois voltaram ao parecer do Emídio (Souza, PT, relator do caso). Tanta discussão e desgaste para voltarem aonde começou. Se tivessem acolhido o parecer do relator, teriam matado essa questão no conselho. Ele (Cury) expôs a Assembleia”, afirmou.
Afonso Lobato disse ainda que não sabe se vai manter parte da equipe do antecessor. “Preciso de gente que saiba o trâmite da Casa nesse mandato curto.” Com a pena ampliada para 180 dias, o deputado do Cidadania perde direito a salário e manutenção das atividades do gabinete no período da suspensão.
Prioridades
Aliado e amigo do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que começou a carreira como vereador na mesma cidade, Lobato mora na vizinhaTaubaté, onde disputou duas vezes, sem sucesso, o cargo de prefeito. Na Alesp, no entanto, o religioso já cumpriu quatro mandatos consecutivos e, atualmente, é suplente de Cury.
Filiado ao PV, Lobato volta ao Parlamento com um discurso moderado em relação ao Palácio dos Bandeirantes e decidido a usar cada segundo do “mandato-tampão” para atender demandas do Vale do Paraíba. Entre elas está a abertura de um laboratório médico de especialidades em Taubaté , que, segundo ele, “está pronto, mas não inauguram”, além da ampliação de leitos na região.
“O Vale do Paraíba tem pouca representatividade. Estou levando uma demanda. Se encontrar acolhida no governo, vamos trabalhar juntos. Se não, vou batendo até ser acolhida. Não vou com rótulo de situação nem oposição. Vou representar minha região”. Em 2018, Lobato apoiou a candidatura de Márcio França (PSB) contra João Doria (PSDB), que venceu a eleição.
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