RIO - O filho do ex-governador do Rio Sérgio Cabral Filho, José Eduardo Cabral, teve a prisão decretada na manhã desta quarta-feira, 23, em uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF) que mira uma suposta organização criminosa especializada em comércio ilegal de cigarros. De acordo com as investigações, o grupo teria causado prejuízos de cerca de R$ 2 bilhões à União por sonegação de impostos.
Pouco depois de a informação sobre a operação ser divulgada no começo do dia, Sérgio Cabral, que está preso desde 2016, passou mal dentro da unidade prisional da Polícia Militar. A Secretaria de Estado de Polícia Militar do Rio informou apenas que o político passou por atendimento médico e tem “estado de saúde estável”.
“O grupo econômico que suporta a organização criminosa investigada é devedor contumaz da União e possui débito tributário de, aproximadamente, R$ 2 bilhões, segundo informado pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional”, informou a PF sobre a investigação que tem o filho de Cabral como um dos envolvidos.
A 3ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro expediu 27 mandados de prisão preventiva e 50 mandados de busca e apreensão. Além dos mandados, ordens de bloqueio, sequestro e apreensão de bens, avaliados em cerca de R$ 300 milhões, foram emitidas. Dentre os ativos apreendidos, estão imóveis, veículos de luxo, criptomoedas, dinheiro em espécie, valores depositados em contas bancárias, entre outros. Ao menos 300 policiais federais participam da operação.
A defesa de José Eduardo Cabral não foi localizada pela reportagem até o momento desta publicação.
Batizada de Smoke Free, a operação da PF com o MPF tem apoio da U.S. Homeland Security Investigations (HSI), dos Estados Unidos, por envolver supostos crimes transnacionais. De acordo com a investigação, iniciada em 2020, o grupo falsificava ou não emitia notas fiscais. Também depositava, transportava e comercializava cigarros em territórios dominados por facções e milícias, por meio de acordo entre esses grupos criminosos, segundo a PF. Os investigados são suspeitos de lavar os recursos obtidos ilicitamente e os remeter ao exterior, de forma irregular. Os crimes teriam sido cometidos entre 2019 e 2022.
Ainda segundo a PF, a organização contava com uma célula de serviço paralelo de segurança, coordenada por um policial federal e integrada por PMs e bombeiros. Já segundo o MPF, os investigados podem responder pela prática de crimes de sonegação fiscal, duplicata simulada, receptação qualificada, corrupção ativa e passiva, lavagem de capitais e evasão de divisas. Se condenados, podem sofrer penas privativas de liberdade que, se somadas, alcançam o patamar de 66 anos de reclusão, sem contar com as causas de aumento de pena.
O ex-governador Sérgio Cabral foi condenado a mais de 400 anos de prisão, por crimes investigados pelo braço fluminense da Operação Lava Jato. Ele está na cadeia desde 2016, mas sua última prisão preventiva está em julgamento no Supremo Tribunal Federal. Se for derrubada, o político poderá ir para casa.
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