BRASÍLIA – O senador Chico Rodrigues (DEM-RR) reassumiu o mandato nesta quinta-feira, 18. O parlamentar, que estava licenciado após ter sido flagrado com dinheiro na cueca, é acusado de desviar recursos da covid-19 – ele nega a acusação. Rodrigues enviou um ofício a parlamentares em que rebate acusações, e diz que o dinheiro era destinado ao pagamento de funcionários de uma empresa familiar.
A licença do senador terminou na quarta-feira, 17, quando o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou o retorno ao cargo. Hoje, o sistema do Senado coloca Rodrigues como parlamentar "em exercício". Ele pode pedir um novo período fora do cargo. No ofício, ele informa que decidiu retornar ao cargo.
Na carta aos colegas, o ex-vice-líder do governo no Senado se defendeu de acusações de que os R$ 33.150, que escondeu nas roupas íntimas, teriam conexão com emenda parlamentar no valor de R$ 19 milhões destinada por ele ao Fundo Estadual de Saúde de Roraima. Em sua defesa, Rodrigues anexou ao documento uma cópia de sua declaração de imposto de renda mais recente, na qual ele destaca uma linha com a cifra de R$ 158 mil classificada como "numerário em cofre particular".
Ele também apresentou aos senadores documentos da gestão estadual roraimense informando que os R$ 19 milhões relativos a sua emenda parlamentar ainda não foram utilizados.
"Tomo a iniciativa de, humilde e respeitosamente, prestar alguns esclarecimentos fundamentais neste momento, visto que as circunstâncias terríveis que assombraram a minha vida me impediram inclusive de poder sequer me defender das brutais e kafkanianas imputações feitas contra mim", escreve Rodrigues. O senador afirma ter recorrido a remédios psiquiátricos para "restaurar o mínimo de sanidade".
De acordo com a Constituição e o regimento interno do Senado, um parlamentar não pode se licenciar do mandato por mais de 120 dias a cada ano. Como a licença foi dada em outubro, Rodrigues pode ficar por mais dois meses e meio longe dos holofotes.
Aos colegas, ele pede desculpas por, nas suas palavras, não ter conseguido manter o "comportamento de equilíbrio mais adequado" ao ser abordado por agentes da Polícia Federal.
"Posso ter cometido atos que, vistos de fora do prisma daquele lugar, naquele momento, com o medo e a responsabilidade de ter de assegurar os recursos destinados ao pagamento dos funcionários de empresa de minha família, podem ser rotulados como ridículos ou lamentáveis", diz o senador.
O senador foi afastado do cargo há quatro meses por decisão de Barroso, após uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal. Apesar de não prorrogar o afastamento do senador, Barroso decidiu mantê-lo fora da comissão criada para discutir os valores destinados a Estados e municípios com o objetivo de combater a pandemia do novo coronavírus.
O senador é alvo de uma representação no Conselho de Ética da Casa.
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