BRASÍLIA — O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) lembrou da relação que teve com a ex-vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL), assassinada em 2018, na última sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, no dia 11. A declaração aconteceu após parlamentares petistas perguntarem quem a teria matado durante o depoimento de Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo Flávio, houve, naquela sessão, uma “tentativa de lacrar” usando o nome dela.
“Até Marielle tentam criar algum vínculo com (Jair) Bolsonaro, no depoimento do senhor”, afirmou Flávio. “Fui a diversos debates com ela. Mostrava o seu ponto de vista, eu mostrava o ponto de vista oposto, acabava o debate, e não tinha nenhuma ameaça um para o outro, não tinha desrespeito nenhum com o outro, não tinha ameaça de familiar de um com o do outro.”
Durante a mesma fala, Flávio disse que a associação de Bolsonaro com as milícias é feita porque a família defende os policiais. “Falam tanto ‘Bolsonaro miliciano’ Não é esse rótulo, é porque nós sempre defendemos os policiais. E vou continuar defendendo, até o fim da minha vida, aqueles policiais que dão a vida pela nossa segurança. Esses, sim, colocam a vida em risco, porque eles não conhecem. A gente tem que valorizar”, disse.
No fim do discurso, o senador pediu que disse que a própria Marielle teria reprovado a lembrança dela naquela sessão. “Pessoas que sequer conheceram a Marielle, subindo aqui no seu caixão, para fazer política, para tentar lacrar”, concluiu.
Foi o senador Rogério Carvalho (PT-SE) que mencionou o nome de Marielle na sessão. Falando ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o parlamentar lembrou de uma contrapartida que o advogado e militar da reserva, Ailton Gonçalves Moraes Barros, preso preventivamente na operação da Polícia Federal que investiga um possível esquema de fraudes em dados de vacinação da covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde, pediu.
Ao garantir um cartão físico de vacinação para a mulher de Cid, que teria sido fraudado: que o aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro intermediasse encontro cujo tema seria o assassinato da ex-vereadora Marielle.
A ideia era um encontro com o cônsul dos Estados Unidos para resolver problema relacionado a seu visto - ligado ao envolvimento do nome do ex-parlamentar com o caso Marielle. “Eu sei dessa história da Marielle toda, irmão, sei quem mandou. Sei a porra toda. Entendeu? Está de bucha nessa parada aí”.
“Então, o senhor sabia, o senhor sabe, o entorno do Presidente Bolsonaro sabe quem matou Marielle? O Ailton Barros sabe quem matou Marielle? Ele falou para o senhor quem matou Marielle?”, questionou Rogério Carvalho a Cid, que permaneceu calado durante toda a sessão da CPMI.
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