BRASÍLIA – O deputado André Janones usou suas redes sociais nesta terça-feira, dia 10, para anunciar, em tom alarmista, que nas próximas horas o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, entregaria uma carta de demissão. Múcio desmentiu a informação. “Fogo amigo”, respondeu o ministro ao Estadão. Alguns minutos depois, o próprio Janones publicou outra mensagem, alegando que Múcio tinha desmentido a informação.
O Ministério da Defesa divulgou nota oficial mais tarde para desmentir o tuíte de Janones. “O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, informa que não pediu renúncia do cargo. É completamente falsa a informação que circula nas redes sociais”, destacou o comunicado.
Múcio foi além. Em outra declaração, na manhã desta quarta-feira, dia 11, o ministro disse: “É hora de as pessoas responsáveis se juntarem para ajudar o presidente Lula a governar o País”.
Nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a missão de distender a relação do novo governo com as Forças Armadas, Mucio negociou com os militares a data da posse, abortando o plano dos ex-comandantes do governo Bolsonaro, que não queriam passar o cargo para os sucessores.
A atuação do ministro vem sendo criticada por petistas no episódio dos acampamentos de golpistas na frente dos quartéis do Exército. Múcio chegou a dizer que ali havia apenas manifestações e que tudo iria se esvair com o tempo, enquanto o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmava que as pessoas estavam cometendo crime. Após a ocupação e depredação de prédios públicos em Brasilia no domingo, 8, Múcio passou a defender o desmonte dos acampamentos.
O Estadão apurou que o ministro da Defesa tem atuado com cautela em relação aos militares. Chegaram a ele relatos de que a tropa está pacificada, mas não inteiramente convencida do resultado da eleição que levou Lula à Presidência. O discurso de Múcio tenta evitar adesão de oficiais aos movimentos extremistas.
Na Defesa, a avaliação é de que Janones está sendo usado pelo PT, que quer assumir a pasta. O deputado se aproximou de Lula nas eleições e acabou sendo descartado pelo novo governo. Janones alega que não quer cargo no Executivo, mas admitiu que queria apoio de Lula para assumir a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Câmara. Os petistas já avisaram, porém, que o pedido do deputado não será atendido.
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