Copacabana, a praia mais notória do País, não encheu como os bolsonaristas queriam. Mas o recado está dado. O projeto da anistia aos condenados pelo Supremo Tribunal Federal por participação nos atos antidemocráticos de 8 de Janeiro torna-se a linha de frente, o primeiro passo, para manter de pé a chama pró-Jair Bolsonaro.
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, fez juras de que, até a próxima quinta-feira, seu partido e outros aderentes vão pedir regime de urgência ao projeto que libera da condenação os envolvidos nos ataques aos prédios do Planalto, STF e Congresso em 2023.
A oposição espera contar com a simpatia de quem, mesmo acreditando que houve extremismo no 8 de Janeiro, viu nas penas impostas aos condenados uma mão para lá de pesada.

Coube ao presidente do PL, o ex-mensaleiro do PT, Valdemar Costa Neto, expor o verdadeiro motivo que levou o grupo do ex-presidente a organizar um ato no Rio de Janeiro neste domingo, 16: insistir no nome de Bolsonaro como candidato a 2026 tentando resgatá-lo do título de inelegível.
Valdemar repetiu por algumas vezes como mantra opor o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao capitão que já foi chamado de ‘mito’. " Se a carne está cara, volta Bolsonaro” gritou no palanque.
Mais explícito do que ele, foi o filho 01 do ex-presidente. O senador Flávio praguejou contra o “Alexandrismo”, puxou coro de “Lula Ladrão” e foi além. Falou de anistia e na sequência indicou o verdadeiro beneficiado por ela: seu pai. “Tenho uma boa notícia a dar a todos: nós vamos aprovar a anistia muito em breve, sim. O próximo presidente é Jair Bolsonaro, sim”, disse o filho senador.
O pastor Malafaia pregou na mesma linha. Discursou como se fosse o 12º ministro do STF e fez o voto dele sobre o que é ou não constitucional em toda a história recente do País. Concluiu dirigindo-se aos ministros da corte suprema: “Aonde vamos parar se Bolsonaro for preso?”
Para não deixar dúvidas, o próprio Bolsonaro tratou de falar de si mesmo. Primeiro, cumpriu o protocolo de citar o caso dos condenados do 8/1 e até posou ao lado da viúva de um preso morto na prisão. Mas dedicou-se a falar das acusações que pensam contra ele no Supremo num ato que reuniu vaias ao ministro Alexandre de Moraes, lembrado pelos bolsonaristas como o algoz que definiu essas penas, chanceladas até aqui pela maioria dos ministros do STF. “O que eles querem? Uma condenação. Se é 17 anos para pessoas humildes, é para justificar 28 anos (de cadeia) para mim”.
Ao final, a foto de Copacabana calibrada no enquadramento para preencher todos os espaços com camisetas amarelas poderá ser espalhada pelas redes mundo afora. Junto com ela, vão algumas mensagens aos Estados Unidos.
O presidente dos EUA, Donald Trump, estava ali lembrado num cartaz afixado no carro de som pregando luta em inglês: “Fight, fight, fight”. Ao norte-americano, foi atribuído o posto de última esperança externa dos bolsonaristas. Afinal, se nada der certo, e uma condenação por tentativa de golpe vier, Bolsonaro ainda pode tentar uma escapada batendo na porta da embaixada dos EUA em busca de refúgio.