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A política sem segredos

Opinião | Campanha de 2024 à Prefeitura de São Paulo expõe vale tudo para conquistar seu voto

Disputa paulistana ultrapassou todos os limites e mostrou o pior da política

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Foto do author Francisco Leali
Atualização:

Sabe-se lá como chegamos ao segundo turno das eleições municipais. Para além de propaladas disputas ideológicas entre bolsonaristas e lulistas País afora, a disputa de 2024 entra para o anedotário brasileiro como o ano em que as entranhas da política ficaram expostas em praça pública.

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Em uma ou outra parte do Brasil até que tentou-se reproduzir a rivalidade entre o atual e o ex-presidente da República. O eleitor, no entanto, pareceu mais preocupado com os problemas da sua esquina do que os futuros embates de 2026.

Veio na região Norte a eleição de um prefeito que há alguns anos fora preso e condenado por prostituição infantil. Mesmo após ser denunciado publicamente, ter seus crimes expostos na televisão, o político ganhou do eleitor o posto que ocupara antes de ser considerado culpado pela Justiça. O caso é daqueles que merecem virar estudo antropológico, já que do ponto de vista criminológico não fez muita diferença.

A principal atração de 2024 não é, no entanto, de nenhum rincão. É da maior cidade do País onde os eleitores neste domingo escolherão entre o atual prefeito Ricardo Nunes e o deputado federal Guilherme Boulos.

Sabatina de Pablo Marçal com Guilherme Boulos Foto: Reprodução via youtube/@pablomarcalporsp

A campanha paulistana ultrapassou todos os limites. Expôs, ainda no primeiro turno, o pior da política. De cadeirada a troca de socos e tudo passando ao vivo na televisão.

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Nessa reta final, precisando de votos para vencer a disputa, o candidato do PSOL foi se submeter a uma sabatina conduzida pelo ex-coach Pablo Marçal. Pode-se considerar que Boulos preferiu se esquecer do passado recente para agir com pragmatismo. Admitiu, então, levar a sério uma conversa com o mesmo Marçal que na véspera do primeiro turno divulgou um laudo falso acusando o psolista de ter sido internado sob efeito de drogas.

Nunes preferiu ficar recolhido e não foi lá se meter com Marçal. Também pragmático, o prefeito tem a vantagem nas pesquisas e não precisava fingir-se de esquecido para ir prestar contas de sua gestão e campanha ao ex-coach.

A cena derradeira de Boulos e Marçal, sob olhares de 500 mil pessoas assistindo a live, pode servir como último gesto da campanha desmedida ocorrida em São Paulo. O problema será se o eleitor ver tudo aquilo como um palco em que candidatos explicitam que na arena política vale tudo, até mesmo mandar às favas seus princípios.

Opinião por Francisco Leali

Coordenador na Sucursal do Estadão em Brasília. Jornalista, Mestre em Comunicação e pesquisador especializado em transparência pública.

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