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A política sem segredos

Opinião | Malabarismo político junta salvação de Bolsonaro com disputa pelo poder entre deputados

Minoria dos deputados que dita as regras na Câmara tem ideia de fixa de reunir no mesmo bote interesses contrários para bancar a escolha do próximo presidente da Casa

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Foto do author Francisco Leali

Se em 51 cidades a atenção do eleitor volta-se à escolha, em segundo turno, do prefeito da cidade, no Planalto Central a cúpula parlamentar já está pensando em outra coisa. Entre a minoria dos deputados que dita as regras na Câmara há ideia fixa de reunir no mesmo bote interesses contrários para bancar a escolha do próximo presidente da Casa.

O atual, deputado Arthur Lira (PP-AL), quer entregar a cadeira para um candidato seu. Com dons de malabarista, tenta construir uma aliança de votos que vão dos governistas que apoiam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao pessoal da atual oposição que cerca o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Plenário da Câmara dos Deputados. Foto: Câmara dos Deputados

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Na reta final de sua gestão, Lira preocupa-se em não parecer nem governista demais, nem oposicionista em excesso. E equilibra-se, por exemplo, ao lidar com a pauta que vai por em votação após o segundo turno das eleições municipais. Para a oposição, há duas prioridades. Uma mira num suposto adversário, outra no dito mito da direita. A primeira diz respeito às propostas de limitar os poderes do Supremo Tribunal Federal. A segunda a salvar Bolsonaro da inelegibilidade.

Lira já avisou que parte dos projetos que atingem o STF não lhe soa problemático e pode seguir seu caminho rumo ao voto. Quanto à anistia de Jair Bolsonaro, isso é tema para as conversas que estão na mesa. O partido do ex-presidente, o PL, tem deixado claro que votar em candidato de Lira significa compromisso da direção da Câmara de ajudar na votação da proposta que anula a condenação da Justiça Eleitoral. Aquela que impede Bolsonaro de disputar uma eleição.

Tem-se, então, um cenário político que aparece e todo mundo vê de gente fazendo fila para ir à urna. E outro que corre a portas fechadas. Enquanto País afora o eleitor escolhe o prefeito para dar jeito na cidade, deputados em Brasília agem para proteger os seus.

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Opinião por Francisco Leali

Coordenador na Sucursal do Estadão em Brasília. Jornalista, Mestre em Comunicação e pesquisador especializado em transparência pública.

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