Se em 51 cidades a atenção do eleitor volta-se à escolha, em segundo turno, do prefeito da cidade, no Planalto Central a cúpula parlamentar já está pensando em outra coisa. Entre a minoria dos deputados que dita as regras na Câmara há ideia fixa de reunir no mesmo bote interesses contrários para bancar a escolha do próximo presidente da Casa.
O atual, deputado Arthur Lira (PP-AL), quer entregar a cadeira para um candidato seu. Com dons de malabarista, tenta construir uma aliança de votos que vão dos governistas que apoiam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao pessoal da atual oposição que cerca o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na reta final de sua gestão, Lira preocupa-se em não parecer nem governista demais, nem oposicionista em excesso. E equilibra-se, por exemplo, ao lidar com a pauta que vai por em votação após o segundo turno das eleições municipais. Para a oposição, há duas prioridades. Uma mira num suposto adversário, outra no dito mito da direita. A primeira diz respeito às propostas de limitar os poderes do Supremo Tribunal Federal. A segunda a salvar Bolsonaro da inelegibilidade.
Lira já avisou que parte dos projetos que atingem o STF não lhe soa problemático e pode seguir seu caminho rumo ao voto. Quanto à anistia de Jair Bolsonaro, isso é tema para as conversas que estão na mesa. O partido do ex-presidente, o PL, tem deixado claro que votar em candidato de Lira significa compromisso da direção da Câmara de ajudar na votação da proposta que anula a condenação da Justiça Eleitoral. Aquela que impede Bolsonaro de disputar uma eleição.
Tem-se, então, um cenário político que aparece e todo mundo vê de gente fazendo fila para ir à urna. E outro que corre a portas fechadas. Enquanto País afora o eleitor escolhe o prefeito para dar jeito na cidade, deputados em Brasília agem para proteger os seus.
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