O ex-juiz maranhense Flávio Dino foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para voltar ao Judiciário. Depois de trocar a toga pela política partidária, Dino agora é o nome do governo petista para assumir vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). O escolhido não desce na goela da oposição e passa a ser um teste para a capacidade política de Lula.
Para se vestir a “capa preta” dos ministros do Supremo, Dino precisa passar por sabatina e votação no plenário do Senado. Como ministro da Justiça, foi para o confronto com a oposição. Nas seguidas audiências no Congresso, espinafrou deputados que queriam expô-lo. Tirou proveito da fragilidade do opositor para dar a volta. Esse embate direto faz de seu nome um voto contra claro dos senadores que são declaradamente próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Dino, no entanto, até onde se sabe, não ampliou as frentes de batalha. Não se indispôs com MDB, PSDB, União e outras siglas com espaço no Senado. Ele mesmo é senador eleito, mas que deixou de atuar no Parlamento para assumir o posto de ministro de Lula em janeiro deste ano.
Vestindo a toga, Dino pode assumir um papel estratégico no STF. Com o Congresso querendo reduzir poderes da Corte, o novo ministro se qualifica para ser interlocutor com o parlamento. Se vai ser mais um do tribunal a protestar publicamente contra ações do Legislativo ou se atuará ao pé do ouvido, é escolha que caberá ao ministro. Levando em conta como ele agiu até agora como ministro do Executivo pode ser que faça as duas coisas ao mesmo tempo.
Na Corte, o jeito Dino assegura que ele será o oposto de Rosa Weber, a ministra que se aposentou e cuja vaga o maranhense deve ocupar. A ex-presidente do STF não dava entrevistas. Os registros que se tem dela ocorreram nas sessões da Corte. É o modelo de juíza que prefere falar julgando. Já Dino foi juiz federal. Ocupou temporariamente posto de magistrado convocado para trabalhar no Tribunal Regional Federal. Assumiu a presidência da Associação dos Juízes Federais, já embicando sua atuação para o mundo político e de lá foi para as urnas.
Como o STF de hoje está com os dois pés na arena política, Dino tem o perfil adaptado a esse habitat. Mas ele mesmo comentou semana passada que o Judiciário é espaço para “paz e serenidade”. Pode, assim, deixar de lado a figura do “debochado” que diverte as redes e também o tom belicoso comum ao confronto polarizado da política, mas alérgico aos processos judiciais.
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