Agora que a proliferação das bets virou um problema para a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou-se a contagem regressiva para saber o que de fato a administração federal fará contra o que a ministra da Saúde, Nísia Trindade, já chamou de pandemia das apostas on line.
Na quinta-feira, 3, Lula fez reunião com seus ministros. Ao final, falaram que estão fazendo muita coisa. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, citou que até a Polícia Federal está no encalço de empresas com conexão ao crime organizado e envolvidas em lavagem de dinheiro.
Até aqui o governo Lula não esboçou nenhum gesto no sentido de mudar de ideia e banir as bets do País e prefere trabalhar com a lógica de que quem se registra no Ministério da Fazenda está autorizado a operar dentro de regras e pagando impostos. Se a ideia é regular uma atividade financeira que tomou conta até do esporte nacional, o futebol, a gradação das regras impostas ao setor poderia ser a medida do exato comprometimento da gestão com o tema.
Se aposta on line vicia, se aposta on line faz mal a saúde psíquica, se aposta on line pode quebrar financeiramente alguém e ainda sugar recursos do pessoal do Bolsa Família, a atividade que não se proíbe parece devedora de restrições severas.
O exemplo pode vir do Ministério da Saúde. Em 1996, o Congresso aprovou lei para proibir publicidade de cigarros. Falava-se também em vedar bebidas alcóolicas. Na época, a cerveja era grande anunciante. E ao definir que estariam proibidas as bebidas com GL acima de certo patamar, livrou-se as cervejarias. Ou seja, o antigo patrocinar do tabaco perdeu. A indústria das bebidas alcóolicas também, mas em menor proporção. A saúde e o País parecem ter ganhado.
Hoje, segundo a ministra Nísia, as bets também são problema de saúde. Se são não poderiam estar sendo veiculadas durante jogos de futebol e alardeadas em anúncios seja na TV seja nos meios digitais. Se não topam vedar a atividade, quem sabe fechar a janela da propaganda ajude a reduzir danos.
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