Em resposta às invasões realizadas por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no início da semana, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) divulgou uma nota nesta sexta-feira, 3, contra o que classificou como atos criminosos, “resultado da conivência histórica com a impunidade.”
Segundo a entidade, as ações deflagradas em fazendas de cultivo de eucalipto da empresa Suzano e de um segundo proprietário no sul da Bahia, são uma “desculpa” para o “cometimento de crimes”: “Não há o que se defender e nunca haverá motivação apropriada para cometer crimes”, afirmou a FPA.
Segundo a Suzano, as propriedades da companhia foram danificadas durante as invasões. O MST reiterou a continuidade das ações, alegando que pretende negociar com os governos federal e estaduais a retomada da reforma agrária, além de um projeto para a agricultura familiar camponesa.
Para a FPA, a reforma agrária deve ser feita a partir de meios que diferem da invasão e ocupação, de forma a garantir o direito à propriedade privada, uma das principais bandeiras defendidas pela bancada ligada ao agronegócio no Congresso Nacional. “Necessário acrescentar que a invasão, seja qual for a gravidade e as consequências, traz prejuízo permanente aos produtores rurais”, argumentou a Frente. “Sem contar, obviamente, os danos econômicos ao setor produtivo e à nação.”
Nota divulgada pela Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura destaca a preocupação com o risco de as invasões alimentarem a “traumática polarização ideológica” que acomete o cenário nacional. Para o ex-governador Paulo Hartung, presidente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), as invasões “vão na contramão do desejo de fortalecimento da democracia ao aprofundar as divisões do País”.
Decisões
A justiça da Bahia determinou nesta quinta-feira, 2, a reintegração de posse de uma fazenda da Suzano no município de Mucuri. Em decisão estabelecida pelo juiz Renan Souza Moreira, os integrantes terão multa de R$ 5 mil por dia em caso de descumprimento da ordem. O uso de força policial para a desocupação foi autorizado pelo magistrado caso seja necessário.
Já o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira (PT), evitou fazer críticas às recentes invasões do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) a fazendas no sul da Bahia, e afirmou que pretende mediar as negociações entre o grupo e a empresa Suzano, proprietária das áreas.
Segundo ele, a ocupação diz respeito a um conflito que já dura 10 anos. A ação, portanto, seria uma resposta à ausência de negociação entre o MST e a empresa. De acordo com os sem-terra, a Suzano não teria cumprido sua parte – a empresa nega o descumprimento.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.