BRASÍLIA – O publicitário Sidônio Palmeira, que comandou a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022, será o novo ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), entrando no lugar de Paulo Pimenta (PT). Como mostrou o Estadão/Broadcast mais cedo, funcionários da Secom já começaram a ser avisados de suas demissões.
Pimenta continuará no cargo até esta quarta-feira, 8, quando haverá uma cerimônia promovida pelo Palácio do Planalto, seguida de um abraço simbólico na democracia, na Praça dos Três Poderes, para marcar os dois anos dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Em entrevista no Planalto, Pimenta confirmou que deixará a Secom. De acordo com ele, o governo entrará em uma nova fase da gestão a partir de 2025, e o presidente Lula quer um perfil diferente do seu para a chefia da pasta.
“O presidente quer ter à frente da Secom uma pessoa que tenha um perfil diferente do perfil que eu tenho, um profissional de comunicação, uma pessoa que tenha experiência, que tenha talento, criatividade, capacidade de poder exercer essa tarefa e poder coordenar essa política de comunicação do governo no próximo período”, disse Pimenta.
Para Sidônio, é necessário que o governo evolua na parte digital da comunicação. Na definição do futuro chefe da Secom, sua gestão é uma espécie de “segundo tempo”, no sentido de não ser necessário começar tudo do zero.
“Tem uma observação também na parte digital, alguns dizem assim até que é analógico. Acho que a gente precisa evoluir nisso”, disse o publicitário. “É um segundo tempo que estamos começando, não o primeiro tempo”.
O marqueteiro também mencionou que vem da iniciativa privada, e que nunca trabalhou em um governo. “É uma experiência nova, interessante, é um grande desafio. Eu mesmo vou me cobrar, a comunicação é um negócio muito interessante para um governo”, observou, ao destacar que fará o máximo para manter a transparência.
Lula decidiu trocar a gestão da Secom por julgar que seu governo tem grande número de obras e bons programas sociais, mas que problemas de comunicação impedem que isso se traduza em popularidade junto ao eleitorado. O cenário preocupa porque o presidente precisa estar com a popularidade em alta nas eleições de 2026 para se reeleger ou promover a candidatura de um sucessor.
Segundo Sidônio, é necessário equilibrar “expectativa, gestão e percepção popular”. Ele afirmou que prestará informações à imprensa para facilitar a divulgação dos programas do Executivo. Disse, ainda, que comunicação não é um tema só da Secom, mas do governo como um todo.
Como mostrou o Estadão/Broadcast Político, funcionários da Secom já vinham sendo avisados de que seriam demitidos desde segunda-feira, 6. Sidônio levou ao Planalto naquele dia Thiago César, que será seu secretário-executivo, e Paulo Brito, que ocupará a função de chefe de gabinete. O movimento deixou claro que a troca era iminente e que os atuais ocupantes desses cargos seriam dispensados.
O que se discute agora no governo é para onde Pimenta será deslocado e como ficará o comando da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), uma vez que o petista tenta manter ali sua influência.
O atual secretário-executivo da Secom, Ricardo Zamora, foi um dos primeiros a saber que seria trocado. Fabrício Carbonel, secretário de Publicidade e Patrocínios, também será exonerado. Os dois são muito próximos de Pimenta.
Thiago César e Paulo Brito trabalham com Sidônio há anos no ramo de marketing político.
Pimenta teve uma reunião com Lula pela manhã. O presidente busca um lugar para realocar o aliado de longa data. São citadas as possibilidades de Pimenta ocupar outro ministério no Palácio do Planalto – mais especificamente, a Secretaria-Geral, hoje comandada por Márcio Macêdo – ou se tornar líder do governo na Câmara no lugar de José Guimarães.
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A demissão de Pimenta já era dada como certa na política desde o começo de dezembro, quando Lula disse em discurso, durante seminário do PT e da Fundação Perseu Abramo, que havia problemas na comunicação do governo. O presidente também afirmou, na ocasião, que faria as “correções necessárias”.
Lula considera que seu governo está fazendo grande quantidade de entregas e que tem bons programas sociais rodando, mas que a equipe de comunicação não está sendo capaz de divulgar isso ao eleitorado. O resultado, por esse raciocínio, seria conviver com taxas de aprovação menores.
O assunto se torna prioridade em um ano pré-eleitoral. Além disso, Lula ficou frustrado com o fracasso da licitação para comunicação digital do governo, processo comandado por Pimenta.
O presidente avalia que Sidônio, com larga experiência no marketing político, tem as qualificações necessárias para melhorar a imagem da gestão.
Dos principais nomes hoje no ministério, sabe-se que o secretário de Produção e Divulgação Audiovisual, Ricardo Stuckert, fotógrafo de Lula desde o primeiro mandato, e o de Comunicação Institucional, Laércio Portela, continuarão nos respectivos cargos. O jornalista José Rezende também será mantido na Secom. Ele é o responsável por escrever os discursos do presidente.
Depois das eleições para a presidência da Câmara e do Senado, em fevereiro, Lula deverá promover uma reforma ministerial mais ampla. A ideia será repactuar o apoio ao governo no Congresso e organizar seus aliados para disputar as próximas eleições.
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