Futuro ministro da Defesa, Múcio diz que é preciso ‘despolitizar’ Forças Armadas

Ex-ministro do TCU reconhece forte divisão entre militares, mas sonha em ‘pacificar’ a caserna

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Anunciado nesta sexta-feira, 9, como futuro ministro da Defesa do governo Lula, o ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio Monteiro disse que é preciso “despolitizar” e “despartidarizar” as Forças Armadas. Ele ainda afirmou ter o sonho de fazer a “pacificação” da caserna.

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“O que eu proponho? Que nós voltemos a ser o que sempre fomos e deu certo. Os militares guardiões, uma instituição de Estado e sem participar de política”, afirmou, em entrevista à Globonews na noite desta sexta.

“É uma volta ao passado? Não. É uma volta ao que sempre foi nas Forças Armadas. A despolitização, e mais, a despartidarização das Forças Armadas é uma coisa absolutamente necessária para o País”, seguiu.

José Múcio Monteiro, ex-presidente do TCU e ministro das Relações Institucionais no segundo mandato de Lula, foi anunciado pelo presidente eleito como novo ministro da Defesa no novo governo. Foto: Wilton Junior/Estadão - 9/12/2022

Múcio disse avaliar que as Forças Armadas demonstram não dar apoio a “qualquer movimento” de base golpista ou antidemocrática, mas reconheceu que há uma forte divisão política entre os militares.

“As Forças Armadas têm demonstrado que não apoiam qualquer movimento desses golpistas. Evidentemente que têm suas preferências. Se você me disser que temos três Forças, sou capaz de dizer que temos seis Forças. O Exército, a Marinha e a Aeronáutica que gostam de Bolsonaro; e o Exército, a Marinha e a Aeronáutica que gostam de Lula”, disse.

Múcio declarou que é hora de pacificar os ânimos e evitar tocar em pontos nevrálgicos na tensa relação entre Lula e a caserna. “Meu sonho é pacificação. Estou sonhando que essas coisas se acalmem, que os próximos dias passem. Temos, todo mundo, que ceder um pouco, não adianta esse discurso de quem manda mais”, declarou.

Na entrevista, Múcio afirmou que é preciso saber se a fala do presidente Jair Bolsonaro a apoiadores no Palácio da Alvorada, nesta sexta, tem algum respaldo das Forças Armadas. O ex-deputado e ex-ministro disse que vai esperar o fim de semana para “se maturar o que levou a isso” e se as declarações do chefe do Executivo podem “criar barreira” para uma transição pacífica entre os governos.

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José Múcio Monteiro, futuro ministro da Defesa, defendeu 'pacificar' as Forças Armadas. Foto: Reprodução/Globo News

“Acho que vamos ter a noite, dia de amanhã, para se maturar o que se levou a isso e se o diálogo permanece aberto. Tive uma conversa com o ministro da Defesa, a melhor possível. Na segunda-feira, vou saber se essa fala de hoje redunda em criar barreira”, declarou.

Quarenta dias de silêncio após a derrota para Lula, Bolsonaro conversou nesta sexta-feira, 9, pela primeira vez com apoiadores. Em discurso com diversas referências ao resultado das eleições e aos pedidos de manifestantes por um golpe militar que impeça a posse do petista, o chefe do Executivo disse que “nada está perdido” e que “quem decide para onde vai as Forças Armadas são vocês”.

Apesar de dizer que Bolsonaro “colocou a digital na incitação ao golpe”, Monteiro declarou confiar no “espírito democrático” do presidente. “Tenho confiança no espírito democrático do presidente Bolsonaro, que ele vai querer sair com grandeza pra que seus eleitores, um dia, sonhem que ele possa voltar. Mas só se ele sair sem ruptura, respeitando a democracia”, destacou.

Para o futuro ministro, Bolsonaro é “mais pacífico” que o grupo de bolsonaristas fanáticos que estimula a ruptura da ordem democrática. “O presidente Bolsonaro sai dessa eleição com um capital gigantesco, metade do País. Tenho absoluta certeza de que, se ele quer pensar no futuro, e se os adeptos querem que ele volte um dia, tem que sair como um estadista”, avaliou.

Múcio também afirmou que “gosta” do presidente Jair Bolsonaro – eles foram colegas na Câmara dos Deputados nos anos 1990 – e que tentará se encontrar novamente com o chefe do Executivo antes da posse de Lula.

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