RIO – Quarto nome indicado pelo governo Bolsonaro para assumir a Petrobras, Caio Paes de Andrade chegou à presidência da estatal tendo o ministro da Economia, Paulo Guedes, como principal padrinho. Fora dos holofotes, o executivo se distanciou dos antecessores ao evitar crises com o Planalto. Cumprir à risca a ordem do presidente Jair Bolsonaro (PL) para conter os preços dos combustíveis, cujo avanço desgastava o mandatário que tentava a reeleição.
Em sua gestão, a Petrobras nunca elevou os preços da gasolina e do diesel. Nem mesmo quando o mercado apostava em uma alta no embalo da escalada da cotação do petróleo no mercado internacional em outubro, véspera das eleições. Mas Paes de Andrade também foi beneficiado por um período maior de cotações em baixa. O período de bonança levou a companhia a baratear a gasolina cinco vezes e o diesel em quatro vezes.
A gasolina barata foi uma das bandeiras usadas na campanha por Bolsonaro. Em 30 de outubro, porém, o mandatário foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva.
Internamente, Paes de Andrade adotou um tom conciliador. Em sua primeira reunião com a diretoria, negou a intenção de promover uma demissão em massa de diretores. A degola era indicada por Bolsonaro, convicto de que havia um movimento na empresa para atingi-lo politicamente. O novo presidente preservou quase toda a diretoria executiva, então alarmada por possíveis indicações políticas, o que só aconteceu na diretoria de Transformação Digital e Inovação. Para esse posto, Paes de Andrade indicou o ex-executivo da Gol Paulo Palaia. É um amigo da família Bolsonaro, que substituiu no cargo o bem avaliado Juliano Dantas.
Para assumir a petroleira, Paes de Andrade teve de vencer a resistência das estruturas de governança da Petrobras por não ter currículo no setor de petróleo e gás. Menos de um mês após tomar posse, o executivo foi diagnosticado com câncer e iniciou um tratamento.
O recente anúncio do ainda comandante da Petrobras para a Secretaria de Gestão e Governo Digital do futuro governo de São Paulo, chefiado pelo bolsonarista moderado Tarcísio de Freitas (Republicanos), é um retorno de Paes de Andrade à sua área original de atuação: tecnologia da informação.
Antes da Petrobras, Paes de Andrade foi secretário especial de Desburocratização do Ministério da Economia e, antes, presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) por um ano. No governo, ele atuou também na digitalização e unificação de serviços públicos e informações da população na plataforma “gov.br”.
Paes de Andrade tem formação em Comunicação Social pela Universidade Paulista em São Paulo. Também cursou pós-graduação em Gestão na Harvard University e Mestrado em Administração de Empresas na Duke University.
O executivo também foi membro do Conselho de Administração da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Pré-Sal Petróleo (PPSA). Na vida privada atuou como empreendedor nos segmentos de tecnologia de informação, mercado imobiliário e agronegócio, tendo liderado mais de 20 processos de fusão e aquisição, com os quais fez fortuna.
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