Rodrigo Garcia (PSDB-SP) só teve menos votos proporcionais do que seu colega Carlos Moisés (Republicanos-SC) entre todos governadores que tentaram a reeleição no domingo, 2. Foram 20 candidatos nesta condição, dos quais 12 conseguiram a vitória logo no primeiro turno e seis seguiram para o segundo.
Com 100% das urnas apuradas, o atual governador somou 18,14% dos votos válidos em São Paulo. Além de ter marcado a pior votação de um tucano na disputa, foi também a primeira vez que o PSDB ficou de fora da corrida pela manutenção do comando do Palácio dos Bandeirantes desde a eleição de 1994, vendida por Mário Covas.
Garcia só superou os 16,99% votos válidos somados por Moisés, que sofreu duas tentativas de impeachment ao longo de seu governo em Santa Catarina. Ambos ficaram na terceira colocação, fora, portanto, do segundo turno.
Derrotados, os tucanos são disputados agora pelas campanhas de Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos), que se enfrentarão no segundo turno paulista. Como mostrou nesta terça, 4, a Coluna do Estadão, o comando da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende colocar na mesa de negociação com o PSDB a oferta de apoio a candidatos da sigla no Rio Grande do Sul (Eduardo Leite), em Pernambuco (Raquel Lyra) e em Mato Grosso do Sul (Eduardo Riedel) em troca da ajuda dos tucanos para conquistar votos em São Paulo.
Garcia, no entanto, intensificou as conversas com Tarcísio e deve apoiar o candidato de Jair Bolsonaro (PL) nesta segunda etapa da disputa paulista. A informação foi antecipada pela jornalista Vera Magalhães e confirmada pelo Estadão. O PT também tenta estabelecer pontes com o tucano por meio do ex-governador Márcio França (PSB), que trocou mensagens de WhatsApp com Garcia.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, Leite só teve 2.441 votos a mais do que o petista Edegar Pretto, que acabou na terceira colocação. O vencedor do primeiro turno é o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL), aliado de Bolsonaro. Os votos petistas no Estado, portanto, podem decidir a eleição.
Em Pernambuco, a disputa inédita entre as candidatas Marília Arraes (Solidariedade), ex-petista que apoia Lula, e Raquel Lyra, que não tem um presidenciável, é de interesse total do PSDB, que vê na ex-prefeita potencial de se tornar um líder nacional do partido. Neste caso, em troca ainda do apoio a Haddad, o PT ficaria neutro.
Mapa de votos
Em São Paulo, o objetivo é fazer com que as próprias lideranças do PSDB pressionem Garcia a aceitar um arranjo com a sigla, ainda que informal, e que funcione principalmente para quebrar o antipetismo no Estado. Tarcísio de Freitas (Republicanos). por sua vez, faz o mesmo movimento amparado pelo ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), que tomou à frente nas negociações políticas da campanha.
Sem experiência partidária e com pouco conhecimento sobre a política paulista, o carioca Tarcísio se apoia nos quadros do PSD, partido de seu vice na chapa, o ex-prefeito de São José dos Campos Felício Ramuth, para avançar nas costuras por alianças e também nas estratégias para somar e não perder votos no segundo turno.
O mapa dos votos de domingo mostra que Tarcísio superou Haddad e demais adversários em 500 dos 645 municípios do Estado. O ex-ministro da Infraestrutura venceu em praticamente todas as cidades do interior, com destaque para votações expressivas em Limeira (65,18%), Piracicaba (59,97%), São José do Rio Preto (55,10%), Franca (53,58%) e São José dos Campos (53%), onde o candidato diz morar.
Já Haddad ganhou em quase todos os distritos da capital paulista - na soma, ele teve 44,2% dos votos. Destaque para o resultado obtido pelo petista em regiões como Grajaú (60,4%), Piraporinha (59,86%), Cidade Tiradentes (59,55%), Valo Velho (58,63%), Parelheiros (58,27%) e Guaianases (54,42%).
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