Gatilho foi político, e não problema familiar, diz irmão de autor de ataque ao STF: ‘Deixou nomes’

Valdir Rogério Luiz diz ter notado um processo de radicalização do autor do ataque há dois anos, sempre motivado por questões políticas

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Foto do author Vinícius Valfré
Atualização:

BRASÍLIA – Um irmão do autor do ataque à Praça dos Três Poderes, em Brasília, na quarta-feira, 13, disse ao Estadão que a motivação de Francisco Wanderley Luiz não teve relação com dramas familiares pessoais, mas com a polarização política. Valdir Rogério Luiz disse ter notado uma radicalização de Francisco nos últimos dois anos.

Material de campanha de Francisco Wanderley Luiz, também conhecido como Tiu França do Facebook; ele é o dono de carro que explodiu na Praça dos Três Poderes - Reprodução/Facebook/Tiü França Foto: Reprodução/Facebook/Tiü França

“O gatilho começou dois anos atrás, na polarização. As pessoas deixam se levar. Ele tinha uma causa, deixou escrito. Às vezes, existe uma motivação que acaba motivando as pessoas. A polarização é exemplo”, disse.

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O autor do ataque já esteve na Câmara dos Deputados e visitou o gabinete do deputado Jorge Goetten (Republicanos-SC) no ano passado. Eles são do mesmo Estado, Santa Catarina. Goetten disse que conhecia Luiz da cidade de Rio do Sul (SC) e que ele estava visivelmente “alterado” já em 2023.

“Notei que, no ano passado, ele estava alterado. Diziam que estava com problemas mentais por causa da separação da mulher”, afirmou Goetten.

Valdir Luiz nega que a situação familiar tenha sido a motivação do irmão. “Com certeza (foi motivação política). Ele citou nomes no recado que deixou, tinha os desafetos dele”, disse, em referência às mensagens divulgadas pouco antes do atentado no qual acabou morrendo.

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As mensagens tinham ofensas e ameaças contra o Supremo Tribunal Federal e políticos, além de recados a militares.

O irmão do Tiü França, nome que ele usou quando se candidatou a vereador em 2022, também afirmou que o atentado deixou a família surpresa, porque ninguém acreditava que ele seria capaz da agressão. A mãe deles tem 88 anos e está ciente do que ocorreu.

Valdir também não tem ideia de como Francisco aprendeu a produzir explosivos. “A gente está bem surpreso. Ele não tinha esse perfil. Não tinha indício de violência, era de boa. E não tinha conhecimento de artefatos explosivos. Isso me estranha”, afirmou.

Segundo o irmão, Francisco Luiz tinha condições de se manter em Brasília porque tinha renda com aluguel de imóveis em Santa Catarina.

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