Dos atuais 10 pré-candidatos ao governo de São Paulo, sete já testaram seus nomes nas urnas em disputas eleitorais anteriores no Estado. Dados da plataforma Geografia do Voto, parceria entre Estadão e agência Geocracia, especialista em geoinformação, mostram, por exemplo, que o petista Fernando Haddad, líder nas pesquisas, teve menos votos na capital como candidato a presidente em 2018 do que quando foi eleito prefeito em 2012.
O ex-governador Márcio França (PSB), que concorreu quatro anos atrás à reeleição, obteve a maior votação entre os atuais postulantes - 10 milhões de votos no segundo turno de 2018 -, mas não o suficiente para um novo mandato no Palácio dos Bandeirantes.
Já o atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), apresentou uma trajetória crescente de votações no interior do Estado antes de integrar em 2018 a vitoriosa chapa ao governo encabeçada pelo ex-governador João Doria (PSDB). Em duas décadas de eleições para o Legislativo, saltou dos 73.320 votos em 1998 para deputado estadual para 336.151 votos quando se elegeu deputado federal em 2014.
O Geografia do Voto disponibiliza uma base de dados de mais de 5 bilhões de votos válidos e nominais oficiais da Justiça Eleitoral. Além disso, o eleitor pode pesquisar detalhadamente sobre as eleições desde 1996 e obter mapas interativos que podem ser compartilhados via redes sociais.
Confira o histórico de votos dos pré-candidatos ao governo de São Paulo:
Fernando Haddad
Haddad disputou a Prefeitura de São Paulo em 2012, quando conseguiu 1,7 milhão de votos no primeiro turno, ficando em segundo lugar na corrida. No segundo turno, o petista virou o quadro e venceu José Serra (PSDB) com 3,3 milhões de votos. A ferramenta de Geografia do Voto mostra que, nessa eleição, Haddad venceu o tucano principalmente nas zonas eleitorais nas periferias do município. Na eleição seguinte, Haddad tentou se reeleger, mas perdeu para João Doria (PSDB) logo no primeiro turno.
Em 2018, Haddad concorreu à presidência da República e obteve 31,3 milhões, ocupando a posição de segundo mais votado. No segundo turno, o petista disputou contra o atual presidente Jair Bolsonaro, na época filiado ao PSL, conquistou 46,9 milhões de votos, mas perdeu a corrida. O resultado na cidade de São Paulo, onde Haddad foi prefeito, foi negativo para o petista, que obteve 2,4 milhões de votos (39,61% dos votos válidos) no segundo turno.
Marcio França (PSB)
França iniciou sua carreira política em 1988, quando se elegeu vereador de São Vicente, município do litoral paulista, com 472 votos e, quatro anos depois, foi reeleito com mil votos. Em 1996, foi eleito prefeito do município com 50 mil votos (44,34% dos votos válidos); e reeleito na eleição seguinte com 139 mil votos (93,00%).
No Legislativo federal, França ocupou dois mandatos. O primeiro foi em 2006, quando conquistou 215 mil votos, sendo o nono mais votado no Estado. A ferramenta de Geografia do Voto mostra que, na época, sua votação ficou praticamente concentrada no litoral paulista, com destaque para São Vicente, Santos, Cubatão, Praia Grande e Iguape.
Em 2018, França conquistou 4 milhões de votos no primeiro turno quando concorreu ao governo estadual. Competiu o segundo turno contra o tucano João Doria (PSDB), mas perdeu a corrida, mesmo tendo obtido 10 milhões de votos. Quatro anos depois, França disputou a Prefeitura de São Paulo; obteve 728 mil votos, mas perdeu.
Rodrigo Garcia (PSDB)
Garcia disputou sua primeira corrida eleitoral em 1998, quando foi eleito deputado estadual pelo PFL, com 73 mil votos. Mesmo sendo originário de Tanabi, interior de São Paulo, cidade em que lhe concedeu 31% dos votos válidos, Garcia recebeu um montante de quase 30 mil da capital paulista e mais de 5 mil de São José do Rio Preto, onde se formou. Em 2020, se reelegeu com 137 mil votos, um crescimento de 88% em relação à disputa anterior. Com a sua terceira reeleição no estado, na qual obteve 197 mil votos, Garcia também conquistou a consolidação do seu reduto eleitoral no noroeste paulista, com destaque para os municípios de Araçatuba, Tanabi, São José do Rio Preto, Olímpia e Espírito Santo do Pinhal.
Em 2010, filiado ao DEM, Garcia foi eleito deputado federal por São Paulo com 226 mil votos; desses, 71 mil vieram da capital paulista. Sua reeleição em 2014 contou com 336 mil votos, um aumento de 49%.
Elvis Cezar (PDT)
Cezar começou sua carreira política quando foi eleito, pelo PSDB, vereador do município de Santana de Parnaíba em 2008, com mais de 3 mil votos. Na eleição seguinte, mesmo após ter o mandato cassado por envolvimento em acusações de compra de votos, Cezar obteve uma liminar para disputar a reeleição e ganhou com um pouco menos de votos do que da primeira disputa.
Em 2013, Cezar assumiu interinamente a Prefeitura após o prefeito Marmo Cézar - e também seu pai - ter tido o registro de candidatura cassado. Ao realizar uma eleição suplementar, o ex-vereador foi eleito prefeito da cidade com 36 mil votos (68,37%). Após 3 anos, Cezar conquistou sua reeleição com 38 mil votos (63,65%).
Felicio Ramuth (PSD)
Ramuth estreou como candidato nas eleições municipais de 2016, quando disputou pela Prefeitura de São José dos Campos, interior de São Paulo, pelo PSDB. Na época, foi eleito logo no primeiro turno com 219 mil votos (62,20%). Nas eleições seguintes, tentou a reeleição e repetiu o feito, mesmo com menos votos que a disputa anterior: 204 mil votos (58,21%). Em 2022, o ex-prefeito passou a inteirar o partido de Gilberto Kassab, PSD.
Vinícius Poit (Novo)
A primeira disputa política de Poit foi em 2018, quando concorreu à Câmara dos Deputados. Filiado ao Novo, o jovem empresário foi o 12º candidato mais bem votado no Estado de São Paulo, com 207 mil votos. De todo o montante de votos, quase 100 mil vieram da capital. O resultado do deputado foi perceptível em sua cidade natal, em São Bernardo do Campo, onde conseguiu 6,6 mil votos e em mais outros 5 municípios: Santo André (6,1 mil), Campinas (5,7 mil), Guarulhos (3,3 mil), Itu (2 mil) e Santana do Parnaíba (1,4 mil).
Altino Junior (PSTU)
Altino disputou a Prefeitura de São Paulo em 2016, quando obteve 4,7 mil votos (0,08% dos válidos).
Os candidatos Tarcísio de Freitas (Republicanos), Abraham Weintraub (PMB) e Gabriel Colombo (PCB) não constam no levantamento porque não participaram anteriormente de disputas eleitorais.
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