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ChatGPT: o que é e o que está por vir?

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Por REDAÇÃO
 Foto: Estadão

Martha Leal, Advogada especialista em proteção de dados, Mestre em Direito e Negócios Internacionais pela Universidad Internacional Iberoamericana Europea del Atlántico e pela Universidad Unini México, Data protection officer ECPB pela Maastricht University, certificada como data protection officer pela Exin e pela FGV-RJ e presidente da Comissão de Comunicação Institucional do INPD

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Pedro Fratini Chem, Mestre em Inteligência Artificial e Ciência de Dados pela Université Grenoble Alpes

É bem provável que você já tenha ouvido falar do ChatGPT. E talvez você já tenha até mesmo interagido com a tecnologia e ter se surpreendido com a sua capacidade de compreensão às perguntas formuladas e a adequação das suas respostas.

Entretanto, independentemente do nível de conhecimento que você detenha, é importante tecermos algumas considerações básicas acerca do assunto e de seus prováveis impactos para uma melhor compreensão da questão.

Optamos por iniciar decifrando sobre do que trata essa tecnologia e qual o seu diferencial sobre as outras, possibilitando assim realizarmos reflexões acerca da sua própria evolução e prognosticar um futuro no qual inevitavelmente estaremos cada vez mais conectados ao avanço da inteligência artificial.

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O ChatGPT é um modelo de linguagem capaz de predizer respostas em um ambiente de bate-papo. Ele foi adaptado através de um modelo já existente, o GPT-3.5, para se comportar como um chatbot, interagindo com um usuário em um ambiente de chat onde as respostas fornecidas pelo modelo aparentam ser de um ser humano.

Para melhor compreensão é importante entendermos o significado da sigla GPT; "Generative Pretrained Transformer". Trata-se de um modelo de inteligência artificial com habilidades de compreensão linguística de propósito geral, isto é, não é um modelo somente focado em uma única tarefa como por exemplo, a tradução de textos.

Esse modelo de inteligência artificial caracteriza-se como um processo de "deep learning", chamado aprendizado profundo e que usa neurônios intraconectados em uma estrutura em camadas, similar ao cérebro humano.

A OpenAI, laboratório de pesquisa de inteligência artificial que criou o ChatGPT, apresentou a primeira versão da tecnologia em 2018, mas foi apenas em 2020 que a tecnologia despertou a atenção com a sua terceira versão, o GPT-3, que contava com um modelo treinado com 175 bilhões de parâmetros e uma base muito mais robusta de textos.

Agora, estamos na quinta versão e a tecnologia apresenta técnicas aprimoradas que permitem receber instruções mais complexas e, consequentemente, gerando respostas muito mais coerentes.

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Acresça-se a isso, o fato de que a versão GPT-3.5 foi treinada com uma imensa base de textos disponíveis na web, incluindo posts em redes sociais e conteúdos disponibilizados nos meios de comunicação.

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O ChatGPT aprende com os feedbacks dos usuários fazendo com que as suas respostas sejam cada vez mais coerentes, o que nos permite ter boas expectativas sobre o aprimoramento constante da tecnologia a partir das interações com os utilizadores.

Selecionamos para fins de melhor entendimento do funcionamento e o potencial da ferramenta, a resposta fornecida pelo próprio ChatGPT a uma de nossas interações, ao questionarmos como se dá o seu funcionamento.

Eis a resposta: " O ChatGPT é um modelo de linguagem que foi treinado para gerar respostas a perguntas e comandos de usuários de maneira que pareça que está conversando com um ser humano. Ele foi criado com base em uma grande quantidade de dados de texto e foi treinado usando técnicas de aprendizado de máquina para aprender a produzir respostas apropriadas e coerentes a diferentes tipos de entrada. Em resumo, o ChatGPT é uma ferramenta de linguagem que foi projetada para simular uma conversa humana de maneira natural e coerente. Ele pode ser usado em vários contextos para fornecer respostas e interações automatizadas com usuários."

A amostra acima ilustra que um simples comando do usuário para que a tecnologia descreva resumidamente o seu comportamento já fornece subsídios da sua habilidade em parecer humano, provendo informações e aconselhamentos ao que lhe é demandado. E não há dúvidas de que este é apenas o começo de uma disruptiva forma de utilização da IA, onde ao buscarmos informações em formato de perguntas e respostas, sobre os mais diversos temas, somos abastecidos com conhecimento, referências e, a depender da formulação da interação, com aconselhamentos.

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Estabelece-se assim, uma nova forma de buscador de pesquisa, eficiente e amigável na experiência com o usuário. Entretanto, como qualquer modelo de linguagem abastecido por um grande volume de dados, o ChatGPT apresenta riscos e impactos associados ao seu uso, tais como, preconceitos e discriminação, entre outros.

Entre alguns riscos da tecnologia que merecem destaque, temos:

A ferramenta é capaz de servir como um ótimo propósito educacional, auxiliando na resolução de problemas e novos aprendizados, mas requer que seja utilizada com responsabilidade. Apesar de alguns resultados impressionarem pelo grau de coerência e robustez, não significa que as informações fornecidas sempre sejam verdadeiras ou que sequer façam sentido, ficando ao encargo do usuário verificar a veracidade de qualquer informação apresentada pelo modelo de linguagem, mesmo que o linguajar empregado demonstre plena convicção e propriedade sobre o assunto questionado.

Outro ponto relevante, é a capacidade do ChatGPT vir a se tornar um grande buscador. Inquestionável que, com todo o seu potencial, tem condições de competir ou complementar ferramentas na web, a exemplo do Google. De fato, já existem rumores que o modelo pode ser incorporado na ferramenta Bing da Microsoft .

Com o cenário atual, é possível conjecturarmos que é provável que modelos de linguagem como estes que estão sendo criados e aprimorados atualmente, não venham a substituir, mas complementar mecanismos de busca, por conta de seus diferentes propósitos. Embora o ChatGPT ofereça uma melhor resposta às perguntas do usuário, ainda não é possível usá-lo para navegar na web.

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No campo da Saúde, estudo recentemente publicado pela Drexel University (EUA), demonstrou que o ChatGPT-3 tem capacidade de fornecer subsídios que indiquem o começo de uma demência com 80% de acurácia, a partir da linguagem natural do usuário que interage com a ferramenta. Conforme palavras do autor da pesquisa publicada no "PLOS Digital Health", Felix Agbavor, a análise da linguagem que o modelo de IA em questão faz, o torna um candidato promissor para reconhecer alterações sutis no discurso que podem indicar o princípio de um quadro de demência.

Impõe-se, portanto, o reconhecimento do potencial da tecnologia, os seus benefícios e os riscos decorrentes do seu mau uso. Na busca de uma IA ética e responsável, é indispensável garantir que a base de treinamento da tecnologia seja diversa e equilibrada, reduzindo o risco de reproduzir preconceitos e discriminação.

Partindo do reconhecimento que o ChatGPT é treinado por uma ampla base de dados, corolário lógico é a conclusão de que, se porventura, essa base estiver contaminada com viés discriminatório, esses padrões consequentemente serão refletidos nas respostas geradas pelo modelo.

Nesse sentido, reconhecemos a magnitude da tecnologia, o potencial incalculável de seus benefícios, bem como os desafios impostos, naturais a todo e qualquer modelo disruptivo, e que confirma a importância de desenvolvermos e fortalecermos regulações sobre a inteligência artificial, a exemplo da Proposta de Regulação da Inteligência Artificial da União Europeia, IA ACT e a Proposta de Regulação da Inteligência Artificial no Brasil, apresentada no final do ano ao Senado Federal.

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