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Como a conjuntura do País afeta o ambiente público e o empresarial

Decolagem autorizada para os combustíveis sustentáveis no Brasil

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Por Redação
Imagem: arquivo pessoal.  

Laís Forti Thomaz , Secretária de Relações Internacionais da Universidade Federal de Goiás, Conselheira no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE)

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Jorge Willian Ferreira Gonçalves, Graduando em Relações Internacionais pela Universidade Federal de Goiás (UFG) 

Na última quinta-feira (14/09) o Brasil deu mais um importante passo rumo à transição energética e à sustentabilidade após a assinatura do projeto de lei do Programa Combustível do Futuro, em cerimônia realizada no Palácio do Planalto. Composta por iniciativas que promovem a mobilidade sustentável de baixa emissão de carbono, o projeto de lei, que agora será encaminhado para aprovação no Congresso Nacional, auxiliará o Brasil no atingimento das metas internacionais de redução das emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE).

O Programa foi assinado justamente no momento pós-criação da Aliança Global para Biocombustíveis, que visa promover o uso e produção dos biocombustíveis no mundo, e foi lançado no âmbito da Cúpula do G20 com forte protagonismo brasileiro. Ao mesmo tempo, o Parlamento Europeu também aprovou o projeto de lei que define as metas obrigatórias para o aumento gradual do uso de Combustíveis Sustentáveis de Aviação (SAF, em inglês) com regras que estarão vigentes a partir de 2024.

Levando em consideração este cenário internacional bastante favorável aos biocombustíveis, o Governo Federal pretende intensificar a produção de combustível limpo no país e focar em medidas que irão além das simples aprovações de legislações, visando também as mudanças econômicas, sociais e ambientais, em consonância com a sustentabilidade e a transição energética.

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Dentre as medidas do projeto de lei, destaca-se a instituição do Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação (ProBioQAV). Colocando o Brasil como um dos principais países a promoverem institucionalmente os avanços no que diz respeito aos SAF. De modo que poderemos avançar tanto no desenvolvimento de novas tecnologias e produtos envolvendo SAF, quanto em termos legislativos, se alinhando definitivamente com as metas estabelecidas pelo CORSIA, o programa da Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO) para a redução e compensação das emissões.

Com a criação do ProBioQAV, o governo regulamentará que os operadores aéreos deverão reduzir as emissões de CO2 em até 1% a partir de 2027, chegando a uma redução máxima de 10% em 2037. Para atingir tal objetivo, os operadores devem aumentar gradativamente a mistura de SAF presente no querosene de aviação. A capacidade projetada de produção de SAF para o país, segundo dados da ICAO, é de 1,5 bilhão de litros por ano, o suficiente para colocar o Brasil como um dos 15 maiores produtores de SAF em todo o mundo, no ranking que é liderado pelos Estados Unidos.

Durante o ICAO Stocktaking, realizado em julho deste ano, a Assessora Internacional e de Meio Ambiente da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Marcela Anselmi, afirmou que um dos principais movimentos necessários para essa virada verde na aviação internacional é a maior aproximação entre universidades, produtores e a cadeia logística envolvida na produção e utilização de SAFs, de modo a atender as demandas e realidades de cada país.

As universidades públicas brasileiras, neste sentido, têm exercido um papel importante por meio de pesquisas científicas de excelência, eventos que promovem o tema em conjunto com a sociedade civil e a criação de laboratórios que buscam testar formas alternativas de combustíveis sustentáveis, bem como o desenvolvimento de novas tecnologias. Interação essa que se torna ainda mais relevante quando analisada a necessidade brasileira de avançar nos parâmetros de sustentabilidade internacional para que a produção nacional de SAF seja reconhecida.

Além disso, a importância de uma política voltada para o tema, como o Programa Combustível do Futuro, se dá justamente por adequar esses elementos e esforços a uma equação comum que considera realidades e capacidades nacionais, avançando progressivamente nos resultados e medidas adotadas. A necessidade que faltava para o caso brasileiro era justamente um componente político sólido que unificasse as legislações e os esforços nacionais em objetivos comuns.

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Aliás, mais do que as questões legislativas, os investimentos realizados pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação e pelo Ministério de Minas e Energia, também auxiliarão substancialmente o Brasil neste longo e necessário processo da transição energética. Uma realidade que poderá ser atingida, por exemplo, por meio de iniciativas como o Fórum Nacional de Transição Energética (FONTE) e a Política Nacional de Transição Energética (PLANTE).

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Tanto o FONTE quanto o PLANTE estão sendo discutidos no âmbito do Conselho Nacional de Políticas Energéticas (CNPE) e auxiliarão o Brasil na integração entre os setores da sociedade civil organizada com a indústria e produtores e, sobretudo, na internacionalização deste processo, por meio de cooperações, do compartilhamento de know-how, dos desafios, oportunidades e aprendizados em comum com outros países.

 Por fim, podemos esperar que os avanços do caso brasileiro sejam bastante discutidos durante a terceira edição da Conferência da ICAO sobre Combustíveis Alternativos para a Aviação (CAAF/3), que acontecerá em novembro deste ano. Mais ainda pelo fato de que o Brasil, com o investimento necessário e o desenvolvimento de políticas de Estado sólidas, poderá despontar mundialmente como um dos principais países em matéria de transição energética e, sobretudo, em combustíveis sustentáveis da aviação.

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