A hashtag bombou nas redes: #freeLarissaManoela!
Free, Larissa! A liberdade é azul, é vermelha, é da cor que você quiser!
Larissa não me conhece e eu tenho idade suficiente para mal saber quem ela é, mas a história dela me comoveu. Ao programa Fantástico, da TV Globo, a atriz contou que renunciou ao patrimônio conquistado emuma vida de trabalho - a vida inteira- para se libertar de quem ela descreveu como pais abusivos.
Larissa disse que os pais não só administravam a carreira, mas controlavam e se apossavam das finanças, das conquistas dela. Adulta, precisava pedir autorização para fazer suas próprias compras. Ela contou que abriu mão de R$ 18 milhões para os pais.
Ministros do STI, o Supremo Tribunal da Internet, se apressaram em condenar a mãe, em julgar Larissa, absolver o pai, inocentar a mãe, punir Larissa...cada um com sua sentença. Houve também inúmeras manifestações de apoio, de solidariedade, de sororidade, de indignação. Gostei dessas.
Foi tanto barulho que surgiu até projeto de lei, dos deputados Pedro Campos (PSB-PE) e Duarte Junior (PSB-MA), para tratar da administração de bens dos filhos menores de idade. O projeto foi batizado de "lei Larissa Manoela."
O drama pessoal de Larissa se projetou, segundo o modus operandi das redes sociais. Quanto mais se falava no assunto, mais o assunto crescia. O engajamento em redes sociais é o fermento na massa cibernética, é atalho para conseguir adesão e visibilidade de seguidores.
Existem outros métodos, como a cultura do cancelamento, em que celebridades são punidas por algo que disseram ou fizeram. A resposta vem com hashtag que leva a boicote, abandono por parte de seguidores, perda de patrocínios.
Há outra estratégia, mais antiga, também usada na política. O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama já criticou a "call-out culture.""Se uso a hashtag sobre como você fez algo errado e depois eu vou fazer outra coisa e me sentir bem sobre mim mesmo, isso não é ativismo," disse Obama.
Escrevo agora, propositalmente, quando a hashtag #larissamanoela já não é mais destaque. Meu foco é política, não engajamento. E as hashtags que estão bombando no momento são: #bolsonaroNaCadeia
#lulaladrão
Ah, tem também #privatiza, de quem se aborreceu com o apagão de hoje cedo.
Ativismo? Obama tem razão.
No ritmo fugaz das redes sociais, espero que a essa altura, Larissa Manoela já esteja cheia de novos contratos, novos projetos, feliz e em paz.
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