BRASÍLIA – A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse na reunião do Diretório Nacional do partido, nesta terça-feira, 26, que uma ordem dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, impedindo o governo de promover atos para marcar os 60 anos do golpe de 1964, enfraqueceu as manifestações do último dia 23. A portas fechadas, dirigentes do PT classificaram a mobilização como desastrosa.
Em São Paulo e em Salvador, por exemplo, os atos não chegaram a reunir 10 mil pessoas nas duas cidades juntas. Para Gleisi, o desestímulo aos protestos partiu do próprio Lula, que não quis desagradar às Forças Armadas. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, garantiu ao presidente que também não haverá a leitura da Ordem do Dia de 31 de março nos quartéis.
Houve quem dissesse na reunião do PT, porém, que as dificuldades para reunir povo na rua estariam ligadas à “falta de foco”, com palavras de ordem dispersas, enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro levou milhares à Avenida Paulista, em 25 de fevereiro, com um objetivo definido: o pedido de anistia para quem participou dos atos de 8 de janeiro de 2023.
Divulgada nesta quarta-feira, 27, a nota oficial do Diretório do PT não trata de nada disso nem faz o balanço do fracasso das manifestações convocadas para o dia 23 em várias cidades, mas reafirma que o partido reforçará a mobilização. Além disso, traz uma crítica indireta à ordem de Lula.
“O PT apoiará e participará dos atos e manifestações da sociedade previstos para os dias 31 de março e 1.º de abril em diversos pontos do país, além das atividades organizadas por sua fundação, a Fundação Perseu Abramo, sobre os 60 anos do Golpe de 1964″, destaca o texto.
Na festa de aniversário dos 44 anos do PT, no último dia 20, Gleisi foi questionada sobre o fato de Lula barrar os atos planejados por ministérios, como o dos Direitos Humanos, sobre os 60 anos do golpe de 1964 e respondeu que a orientação não era para o PT. “O partido está liberado”, afirmou ela.
A bancada do PT na Câmara também divulgou nota, nesta quarta-feira, para marcar a data. “Passados 60 anos do golpe militar de 1964, é imperativo recordar e repudiar veementemente esse triste capítulo da história brasileira, em nome da justiça, da memória e da verdade”, diz um dos trechos.
No documento, os deputados petistas consideram fundamental a “recriação imediata da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos”. O assunto, no entanto, repousa há meses na Casa Civil da Presidência, sem qualquer definição.
“Não há o que celebrar em 31 de março ou 1.º de abril. Relembrar a ditadura é crucial para evitarmos retrocessos e reafirmarmos nosso compromisso inconteste com a democracia, com os direitos humanos e com o Estado Democrático de Direito”, destaca a nota da bancada do PT, assinada pelo líder do partido na Câmara, Odair Cunha (MG).
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