Golpista que ameaçou ‘colapsar sistema’, presa há 5 meses, quer falar na CPMI

Ana Priscila Azevedo promete contar a “verdade” na CPMI do 8 de janeiro, caso seja convocada. Dona Fátima de Tubarão, que ameaçou ‘pegar o Xandão’, foi denunciada pela PGR e está na fila do julgamento do STF. Reportagem visual do ‘Estadão’ revelou a participação das duas na tentativa de golpe

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Foto do author Tácio Lorran
Atualização:

BRASÍLIA - A golpista Ana Priscila Silva de Azevedo, apontada como uma das organizadoras dos ataques antidemocráticos do dia 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes, em Brasília, tem reclamado da situação “degradante” e “desumana” que vive na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, a Colméia.

Ana Priscila está presa desde o dia 10 de janeiro. Ela aparece em vídeo anunciando antecipadamente que “vamos colapsar o sistema”, “sitiar Brasília” e “tomar o poder de assalto”. Ela convocou mais de 30 mil pessoas num grupo de Telegram para irem a Brasília. “A Babilônia vai cair”, disparou. A extremista chegou a ser detida no dia 8 pelos militares do Exército que atuavam dentro do Palácio do Planalto, mas conseguiu fugir, como revelou o Estadão. Foi presa, contudo, em uma das fases da operação Lesa Pátria, da Polícia Federal (PF), a mando do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Ana Priscila Azevedo Foto: Redação

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Ana Priscila contou ao seu advogado que está em uma área isolada, afastada das demais presas, e que tomou apenas sete banhos de sol nos últimos seis meses.

“Ela está isolada desde que chegou. E não foi por conta de problema disciplinar. Não tem acesso a nada e ninguém, está como se fosse em uma solitária, como se fosse um castigo”, relata o advogado Claudio Avelar, que defende a golpista, em conversa com o Estadão. “Está sendo tratada como bicho, o que não está escrito na lei brasileira. Ela está sob uma condiçao degradante, sem banho de sol. Uma prisão de castigo, de vingança”, acrescenta.

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Procurada, a Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal informou que Ana Priscila recebe duas horas de banho diariamente. “Acrescenta-se que esta Secretaria é fiscalizada por diversos órgãos de controle no que se refere ao cumprimento da Lei de Execuções Penais”, complementou.

A defesa afirma ainda que Ana Priscila está disposta a contar a “verdade” caso seja convocada a depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), ou na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, no Congresso Nacional.

Avelar reclama, contudo, que o STF é um “mistério” e não segue o rito processual. Sem citar nomes nem números, ele diz que todos seus outros clientes que estavam no 8 de janeiro já foram colocados em liberdade, mas Ana Priscila sequer foi denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A informação foi confirmada pelo Estadão junto a uma fonte da Suprema Corte.

O ex-advogado de Ana Priscila já chegou a pedir ao STF o relaxamento da prisão, mas Moraes negou.

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Até esta quarta-feira, 7, o Supremo Tribunal Federal tornou réu 1.175 pessoas envolvidas nos ataques antidemocráticos do dia 8 de janeiro. A Corte analisa o sétimo bloco de denúncias, contra mais 70 acusados, submetidas ao colegiado, o que pode elevar o número total para 1.245. A partir daí, serão coletadas provas e ouvidas as testemunhas de defesa e acusação. Em seguida, o STF irá julgar se condena ou absolve os réus por incitação ao crime e associação criminosa.

Quem está na fila para ser julgada, mas ainda sem data marcada, é a bolsonarista Maria de Fátima Mendonça Jacinto Souza, de 67 anos, que ficou conhecida como “Fátima de Tubarão”. Ela ganhou destaque nas redes sociais após o Estadão revelar vídeo em que ela confessa, durante os ataques, que estava “quebrando tudo e cagando nessa bosta aqui”. “Vamos pra guerra, vamos pra guerra. Vou pegar o Xandão agora”, gritou ela, numa referência ao ministro do STF Alexandre de Moraes.

Extremista Fátima do Tubarão Foto: Reprodução de vídeo/Twitter/@estadao

O Estadão apurou que dona Fátima está presa na Penitenciária Sul de Criciúma desde 27 de janeiro. Ela já foi denunciada pela PGR, e o processo consta em fase de resposta.

A defesa da idosa chegou a entrar com pedido no Supremo para responder ao processo em liberdade, sob alegação de ter problemas de saúde. Não houve sucesso. A própria PGR emitiu parecer contrário ao afrouxamento do regime de prisão. A extremista também é acusada de tráfico de drogas e falsificação de documentos em outros ações.

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Tanto Ana Priscila como Fátima de Tubarão fizeram parte de levantamento do Estadão que mostrou ao menos 88 pessoas que se envolveram diretamente nas invasões e depredações dos espaços públicos.

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