BRASÍLIA – Os governadores do Nordeste presentes nesta quinta-feira, 9, à reunião com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto fizeram uma espécie de desagravo ao general Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo, que virou alvo de ataques do escritor Olavo de Carvalho, um dos inspiradores do presidente.
Um dos governadores relatou que Olavo não foi citado, mas os elogios em série ao general serviram como um contraponto ao pensador de direita. Ele disse que apesar de “durão”, Santos Cruz é uma “cara legal”.
“Todos os governadores elogiaram o Santos Cruz, fazendo um contraponto claro ao Olavo. Todo mundo elogiou, porque todo mundo na política está contra o Olavo”, relatou sob anonimato um governador.
Apesar dos elogios, no entender dos governadores, falta traquejo político à maioria dos ministros de Bolsonaro, inclusive aqueles sobre os quais recai a tarefa de articulação política – o próprio Santos Cruz e Onyx Lorenzoni (Casa Civil) – que não conseguem agregar apoios.
O aval para a recriação do Ministério das Cidades, por exemplo, é visto como um sinal positivo para aumentar as condições de aprovar a reforma da previdência, pauta do encontro, mas não resolverá os gargalos na articulação. O ato poderá criar expectativas de que outras pastas retornem à Esplanada para agraciar partidos. Bolsonaro confirmou depois da reunião que o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, será deslocado para o Ministério da Integração Nacional, o que bloqueia uma possível indicação política senadores para o cargo.
Um governador de oposição diz que é essencial organizar uma coalização partidária no governo e que o presidente deve agir pessoalmente para reduzir a tensão no Congresso Nacional.
O encontro com governadores constava inicialmente apenas na agenda de Santos Cruz. A reunião com o presidente foi organizada por Belivaldo Chagas (PSD), governador de Sergipe.
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