MEC vive 6 escândalos simultâneos no governo Bolsonaro; confira

Após a denúncia do gabinete paralelo de pastores, já veio à toda a propina cobrada em ouro, a compra de Bíblias com publicidade, os ônibus superfaturados, as 'escolas fake' e o kit robótica

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Por Redação
Atualização:

Sem vínculos com o setor de ensino e sem possuir cargo público, um grupo de religiosos comandava a agenda do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. O chamado “gabinete paralelo de pastores” foi o primeiro de uma série de escândalos revelados pelo Estadão que atingiram o Ministério da Educação neste ano. As denúncias envolvem, ainda, pagamentos de propina, preços inflados em pregão e até a construção de “escolas fake”. 

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As denúncias levaram à abertura de investigações no Tribunal de Contas da União, no Ministério Público e podem se tornar objetos de uma Comissão Parlamentar de Inquérito articulada no Senado. 

Confira os escândalos que atingem o MEC:

Em março, o Estadão mostrou que o gabinete de Milton Ribeiro foi capturado por um grupo de pastores ligados a ele. Embora sem vínculo com a administração pública, os religiosos atuavam como lobistas, decidindo, inclusive, a destinação dos recursos da pasta. Em conversa revelada pelo jornal Folha de S.Paulo, o ex-ministro admitiu que priorizava o atendimento a prefeitos que chegavam por meio dos pastores Gilmar dos Santos e Arilton Moura. O caso levou à demissão de Ribeiro e de assessores.

Reunião do ministro da Educação Milton Ribeiro com prefeitos em Brasília, com a presença dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura na organização. Foto: Instagram Milton Ribeiro - 13/01/2021

O trânsito livre destes religiosos facilitou não apenas a liberação de dinheiro da pasta em prazo recorde, mas também o pagamento de propinas para facilitar o acesso ao ex-ministro. Um dos pastores envolvidos no caso, Arilton Moura pediu pagamentos de até 1 quilo de ouro em troca de recursos para construção de escolas e creches. 

A atuação do gabinete envolvia também a compra de Bíblias para serem distribuídas nas cidades que recebiam a visita de Ribeiro, e dinheiro para a igreja evangélica, como mostrou o Estadão. Os exemplares continham fotografias do ex-ministro e dos pastores citados, além de material promocional do MEC.

Em abril, o Estadão revelou que o governo preparava uma licitação com risco de sobrepreço de mais de R$ 700 milhões para compra de ônibus escolares. Após a publicação da reportagem, o pregão economizou R$ 500 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Integrantes do governo pressionaram para que alertas de preços inflados emitidos por órgãos de controle fossem desconsiderados. 

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Ciro Nogueira, em solenidade de entrega de ônibus escolares do Programa Caminho em Teresina (PI), em abril de 2021. Foto: Catarina Chaves/MEC

O MEC foi alvo de mais uma polêmica após o Estadão mostrar nesta semana que a pasta autorizou a construção de 2 mil unidades escolares a despeito de outras 3,5 mil escolas inacabadas. O esquema de “escolas fake” tem como base o FNDE, capitaneado pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI). Sem previsão orçamentária para conclusão das novas unidades, a construção é usada como palanque de campanha. As escolas são anunciadas por deputados e senadores em ano eleitoral sem nunca saírem de fato do papel.

Em Inhumas, Goiás, mato tomou conta da área onde começou a ser construída uma escola; obra parou. Foto: Rodrigo Salviano/Estadão

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), também se envolveu em polêmicas na Educação. Uma empresa alagoana contratada para fornecer kits de robótica vendeu equipamentos com lucros de até 420% em comparação ao que pagou. Segundo a Folha de S.Paulo, um dos sócios da companhia é familiar de um aliado de Lira.