A primeira desapropriação de terras no Rio Grande do Sul feita pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva será contestada na Justiça pelos donos da Estância do Céu, imóvel rural localizado no município de São Gabriel, a 324 quilômetros de Porto Alegre. O decreto que declara a área de interesse social para fins de reforma agrária foi publicado pelo Diário Oficial da União desta terça-feira. O advogado dos proprietários da fazenda, Cesar Augusto Carvalho, diz que a vistoria feita pelo Incra em 2001, quando a área foi considerada improdutiva, está sub judice. Carvalho afirma que um mandado de segurança determina que seja feita nova vistoria. Logo depois de saber da desapropriação, o prefeito de São Gabriel, Rossano Dotto Gonçalves (PDT), entrou na polêmica, informando que não quer o assentamento no município por não ter como ampliar o orçamento com o aumento da demanda por saúde e educação. Gonçalves também considera os 13,2 mil hectares produtivos, por servirem para a criação de bovinos e ovinos e para a plantação de arroz e soja. A desapropriação é a maior já feita no Rio Grande do Sul. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, anuncia a intenção de assentar 530 famílias na área, dentro de um novo modelo, que estimule a produção agropecuária, gere emprego e renda e incorpore tecnologias. Pelos cálculos do governo, o assentamento resolveria o problema de um terço das famílias acampadas à espera de terra no Rio Grande do Sul e geraria um ambiente de menor tensão e maior tranqüilidade no meio rural.
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