BRASÍLIA - Os ministros que coordenam a articulação política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) junto ao Congresso deram início nesta quarta-feira, 10, às primeira reuniões com os líderes de partidos da base aliada e prometeram já de partida acelerar a liberação de emendas e nomeações em troca da garantia de fidelidade desses aliados em votações prioritárias do Palácio do Planalto.
A primeira reunião foi com o presidente do PSB, Carlos Siqueira, na sede da Vice-Presidência. A sigla, embora abrigue o vice-presidente Geraldo Alckmin, não votou integralmente contra o projeto de lei que derrubou o decreto do marco do saneamento básico publicado por Lula na semana passada. Três dos 14 deputados da legenda foram contra a orientação do Planalto.
Em resposta a essa e outras infidelidades, Lula entrou em campo na articulação política e delegou ao ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Alexandre Padilha (PT), a conduções de encontros periódicos com as lideranças da base aliada.
Além de Padilha, o Planalto também escalou para a reunião com Carlos Siqueira o vice-presidente Alckmin, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT), e o secretário executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli. O presidente do PSB, por sua vez, levou consigo o líder do PSB na Câmara, Felipe Carreras.
À tarde, Padilha conduziu uma reunião com os líderes do PSD. O deputado federal Otto Alencar Filho (PSD-BA) classificou como positivo o encontro e disse ao Estadão que foram propostas melhorias na articulação política. Os parlamentares também discutiram temas de interessa da agenda do governo, como o arcabouço fiscal. Ele ainda argumentou que o partido tem sido fiel ao governo Lula.
“O PSD reafirmou o compromisso com o governo federal e o presidente“, disse o deputado. “O PSD tem sido fiel ao governo federal e continuará sendo“, completou.
O ministro quer apresentar como resultado a Lula a garantia da fidelidade dos partidos de Centrão que ocupam cargos em Ministérios. Na última segunda-feira, o ministro da SRI disse que iria cobrar os votos desses aliados.
Além de ver inviabilizado o decreto do saneamento, o governo convive com derrotas como a instalação de duas comissões parlamentares de inquérito (CPIs) que têm potencial de minar a popularidade de Lula: a que trata dos atos golpistas de 8 de janeiro e a do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Por falta de votos, o Planalto ainda viu adiada a votação do PL das Fake News, que busca regular a atividade das redes sociais.
Lula chegou a cobrar Padilha em público na semana passada durante a instalação do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Social e Sustentável, o Conselhão, por causa das queixas que tem recebido de parlamentares a respeito da articulação do governo.
Padilha, por sua vez, tem dito que todos os projetos da agenda prioritária definida pelo governo foram aprovados. O ministro cita como exemplo dos feitos do governo junto à base a indicação de parlamentares alinhados ao Planalto para a presidência das principais comissões no Congresso, a reformulação de medidas provisória herdadas do governo Jair Bolsonaro (PL) e a recriação dos programas sociais, como o Bolsa Família.
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