Governo Lula usa notícia sobre gestão de Temer para se defender de memes contra Haddad

Montagem no perfil do governo federal no X (antigo Twitter) utilizou um texto de sete anos atrás sobre diminuição do preço das frutas em mercados brasileiros; postagem foi deletada da conta oficial 50 minutos depois de publicada

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Foto do author Gabriel de Sousa
Atualização:

BRASÍLIA – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou nesta quinta-feira, 18, uma notícia de 2017, relativa à gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB), para rebater memes contra o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que ganhou o apelido de “Taxad” nos últimos dias. A publicação foi apagada do perfil oficial do governo no X (antigo Twitter) após repercussão na rede social.

A montagem divulgada na conta do governo Lula incluía um print do título de uma notícia publicada no site da Confederação Nacional da Agricultura (CNA): “Preço das frutas caem nos principais mercados atacadistas do País”, sem citar a data de veiculação do conteúdo original. O texto, de 20 de junho de 2017, é sobre a queda dos valores durante a gestão Temer.

Governo Lula usou notícia de 2017 em publicação para defesa do ministro Fernando Haddad Foto: @govbr via X (antigo Twitter)

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Na legenda da postagem, que foi publicada às 12h37 desta quinta como contraponto aos memes contra Haddad, o governo Lula sugere que enquanto as brincadeiras estão sendo veiculadas nas redes sociais, surgem novas notícias “mostrando a economia brasileira cada vez mais forte”. Cerca de 50 minutos após a publicação, a postagem foi deletada da conta do governo. No período em que esteve no ar, internautas apontaram o uso da notícia antiga da CNA.

A Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo afirmou que houve um “equívoco” na hora da publicação. Vinte minutos após a imagem ser deletada, outra foi postada, trocando a notícia da época do governo Temer. A nova reportagem é do Agro Estadão, publicada nesta quinta-feira, com o título “Preços baixos marcam mercado de frutas e hortaliças no mês de junho”. “Foi constatado um equívoco na imagem utilizada, mas sem prejuízo da informação porque ela está correta. O post está atualizado”, disse a Secretaria.

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Diante das últimas medidas do governo que visam ao aumento da arrecadação, Haddad passou a receber um novo apelido nas redes sociais: Taxad. As críticas se intensificaram nos últimos dias, com a aprovação da regulamentação da reforma tributária na Câmara e a chamada “taxa das blusinhas” aprovada pelo Congresso.

Nesta terça-feira, 16, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, defendeu publicamente Haddad da enxurrada de memes. “Se pegarmos a carga tributária de 2022 para 2023, ela não aumentou, pode até dar uma conferida, acho até que caiu”, disse.

Com a aprovação da “taxa das blusinhas”, produtos com preços de até US$ 50 serão tributados em 20% do Imposto de Importação, além do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que vai para os Estados.

No último dia 10, a Câmara aprovou o primeiro projeto de regulamentação da reforma tributária. O principal embate acerca do tema foi a inclusão da proteína animal na cesta básica de produtos que não pagam impostos. Enquanto a oposição ao governo endossa que a desoneração foi conquistada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a base governista salienta que isso ocorreu após articulação do Planalto.

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Inicialmente, os técnicos da Fazenda, comandada por Fernando Haddad, resistiram à desoneração da proteína animal. Segundo cálculos da pasta, a inclusão da carne na cesta básica poderia aumentar em mais de 0,5 ponto porcentual a alíquota final do Imposto sobre Valor Agregado (IVA). O posicionamento era o mesmo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Apesar do direcionamento da pasta, Lula afirmou ser favorável à desoneração. Em entrevista à Rádio Sociedade no início do mês, o petista defendeu uma diferenciação dos cortes que seriam contemplados com a isenção. Para o presidente, consumidores de carnes nobres poderiam pagar “impostozinho”, enquanto peças “do dia a dia”, não.