Por agenda positiva, Temer vai lançar pacote para estimular a economia

Após divulgação de delações que atingem governo e para combater impopularidade, Planalto cria ‘minipacote’ que visa manutenção de empregos

PUBLICIDADE

O presidente Michel Temer se encontrou com o deputado Rogério Rosso (PSD-DF) neste domingo, 11. Foto: André Dusek/Estadão

BRASÍLIA - Em busca de uma agenda positiva para neutralizar o impacto do vazamento de delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht e do aumento da impopularidade, o governo Michel Temer pretende lançar nos próximos dias um “minipacote” de medidas que teriam como foco a manutenção de empregos e o estímulo à economia.

PUBLICIDADE

Já está certo o anúncio do Programa de Sustentação ao Emprego (PSE), com investimento previsto de R$ 1,3 bilhão para a manutenção de 200 mil postos de trabalho em quatro anos. Trata-se da versão permanente, revista e ampliada do Programa de Proteção ao Emprego (PPE), lançado na gestão Dilma Rousseff em junho do ano passado. O programa permite a redução da jornada de trabalho em até 30%, com redução também do salário em igual proporção. A metade do desconto no salário – que também pode chegar a 30% – é bancada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

As demais medidas envolvem ações nas áreas regulatórias, de crédito e competitividade, com o objetivo de melhorar o ambiente de negócios. Temer e aliados ficaram preocupados não apenas com o potencial dos vazamentos das delações envolvendo os ex-dirigentes da empreiteira, mas também com a pesquisa Datafolha que mostrou aumento da impopularidade do governo. 

O cronograma para divulgação foi acelerado para tentar neutralizar o impacto do vazamento da delação premiada do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho. Nos depoimentos, o ex-executivo afirmou que Temer pediu dinheiro da Odebrecht. O presidente rechaçou as declarações do ex-diretor e disse que todas as doações feitas pela empreiteira ao PMDB foram declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Também foram citados outros integrantes do governo, além de pelo menos 30 parlamentares.

Publicidade

A operação para tentar reduzir os estragos da delação ganhou força sobretudo diante dos sinais de descontentamento dados pela própria base do governo. O receio é de que o clima desfavorável prejudique a tramitação da PEC da Previdência, que começa a ser discutida na Câmara nesta semana.

O líder do PSD na Câmara, deputado Rogério Rosso (PSD-DF), disse que o governo deve lançar ainda nesta semana um pacote de oito medidas para geração de emprego e estímulo à atividade econômica. 

Nesta segunda-feira, 12, o líder do PMDB na Câmara, deputado Baleia Rossi (SP), disse que Temer comunicou aos integrantes da base aliada que a equipe econômica deverá apresentar nos próximos dias medidas na área da microeconomia. 

“Ele fez um comentário geral. Não detalhou as medidas, mas a equipe do ministério da Fazenda está preparando algo mais voltado para microeconomia, para que se possa incentivar a área econômica. As medidas devem ser anunciadas nesta semana ou na próxima, assim que ficar pronto”, afirmou Baleia ao Estado.

Publicidade

O deputado participou de reunião promovida na noite do domingo, 11, pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) na residência oficial da Casa, e que contou com a presença do presidente Temer, auxiliares e integrantes da base aliada.

"Ele também quer estabelecer uma agenda para 2017 além de finalizar a que já está ai. Falou da importância das reformas da Previdência e da modernização das relações trabalhistas, que é fundamental para o País gerar emprego e superar as dificuldades econômicas”, afirmou Baleia.

Cronograma. A equipe do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, defendia que essas medidas só começassem a ser anunciadas em janeiro. Ele trabalha em propostas regulatórias para facilitar a renegociação de dívidas das empresas, mas sem que seja adotada nenhuma ação que coloque em risco a saúde dos bancos.

Auxiliares de Temer ouvidos pela reportagem, no entanto, dizem que Meirelles vem estudando as medidas há pelos menos duas semanas e devem ser aprofundadas nos próximos dias. A ideia é apresentar algo que possa gerar impacto positivo na economia ainda neste ano.

Publicidade

Já o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, analisa alterações em marcos legais para tentar melhorar o ambiente de negócios. 

Correções

Texto atualizado na segunda-feira, 12/12/2016, para inclusão de declarações do líder do PMDB na Câmara, deputado Baleia Rossi

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.