‘Grilagem digital’: projeções mostram avanço de fazendas sobre terras indígenas; veja imagens

Reportagem cruzou dados do Cadastro Ambiente Rural (CAR) com informações geoespaciais das terras indígenas

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Foto do author Vinícius Valfré
Atualização:

BRASÍLIA - O Estadão cruzou dados apresentados por pessoas que cadastram fazendas no Cadastro Ambiental Rural (CAR) com a base de informações geoespaciais de terras indígenas em fase inicial dos respectivos processos de homologação. O resultado evidencia o avanço de registros irregulares de propriedades dentro de áreas que deveriam ser de uso exclusivo das comunidades tradicionais da Amazônia.

O caso mais emblemático é o da terra indígena Ituna-Itatá, no Pará. Mais de 90% dela já foi tomada pela “grilagem digital”, crime que abre caminho para o desmatamento e perseguição a indígenas que vivem isolados. A reportagem projetou como os cadastros irregulares foram sendo inseridos ao longo do tempo.

Mapa mostra avanço de fazendas, mês a mês, dentro da terra indígena Ituna-Itatá, no Pará. Foto: Vinícius Valfré/Estadão

Em Roraima, a terra indígena Pirititi é um dos principais pontos de cobiça de madeireiros. Os indígenas que habitam a região e levaram o governo a iniciar os trâmites da homologação da área são cercados por fazenda. Os limites do território não são respeitados por grileiros, que registraram áreas indígenas como privadas.

Mapa mostra avanço de fazendas sobre a terra indígena Pirititi, em Roraima. Foto: Vinícius Valfré/Estadão

Com 2 mil hectares, uma das fazendas que avançaram sobre a terra protegida foi registrada por um contador de Brasília, em maio de 2021. Ele nega e diz que teve os dados usados.

Em amarelo, fazenda registrada dentro da terra indígena Pirititi, em Roraima, por um contador do Distrito Federal. Foto: Vinícius Valfré/Estadão

Os indígenas que vivem na terra Jacareúba/Katawixi, no Amazonas também têm perdido território para fazendas. Grileiros registraram áreas bem dentro do território. Para especialistas, a semelhança da geometria e o fato de os lotes serem conjugados indicam se tratar de processo de grilagem.

Mapa mostra avanço de fazendas sobre a terra indígena Jacareúba/Katawixi, no Amazonas. Estadão cruzou dados geoespaciais com o Cadastro Ambiental Rural. Foto: Vinícius Valfré/Estadão
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