As campanhas de Fernando Haddad (PT) e de Tarcísio de Freitas (Republicanos) vão investir na nacionalização da disputa pelo governo paulista como forma de garantir vaga no segundo turno. A avaliação é de que, ao refletir no Estado a disputa entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), eles evitariam o avanço do governador Rodrigo Garcia (PSDB). O tucano é considerado por ambos o adversário mais difícil de ser derrotado por estar no comando da máquina pública estadual.
O tucano, por sua vez, adotou estratégia oposta. Apesar de ser o representante da hegemonia de quase 30 anos do PSDB em São Paulo, Garcia assumiu uma narrativa crítica à “guerra ideológica” e rechaça os rótulos de esquerda e direita. O entorno do governador avalia que ele será o alvo central da campanha e deve tentar usar como antídoto o argumento de que o tucano é o “antípoda” dos representantes da polarização nacional.
Líderes do PT dizem que o partido, que nunca governou São Paulo, vai enfrentar um forte antipetismo no interior. O mesmo vale para o bolsonarismo na capital, que já foi governada três vezes pelo PT, com Luiza Erundina, Marta Suplicy e o próprio Haddad. O campo de Bolsonaro compartilha a mesma tese: o antipetismo e o antibolsonarismo se retroalimentam.
“Eu vejo que a tendência de ter uma polarização no Estado de São Paulo repetindo a polarização nacional é muito grande”, disse Tarcísio no programa Roda Viva, da TV Cultura, na segunda-feira. “Tem um antipetismo forte aqui, eu faço parte desse antipetismo por convicção.”
Playground
Entre tucanos, a ordem é “estadualizar” a campanha. “Não quero que São Paulo vire playground da campanha nacional”, disse Garcia ontem, em entrevista à Rádio Eldorado. “Os dois, Haddad e Tarcísio, são os candidatos da polarização. Por isso Rodrigo é o mais competitivo no segundo turno”, afirmou o ex-senador José Aníbal.
Ao Roda Viva, na semana passada, Haddad disse que vê Tarcísio como favorito para chegar com ele ao segundo turno. “Rodrigo Garcia é a continuidade do Doria em São Paulo. Tarcísio representa a loucura bolsonarista”, disse o deputado Emídio de Souza, coordenador do plano de governo do petista.
“Haddad e Tarcísio se enfrentariam, se digladiariam e deixariam Garcia de lado. É uma alternativa (de estratégia)”, disse o cientista político Humberto Dantas.
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