O ex-ministro da Educação Fernando Haddad reunirá nesta terça-feira, 8, em São Paulo, representantes de institutos e fundações e ex-colaboradores do MEC para discutir prioridades do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na área. A ideia é produzir um documento com pontos de atenção mais urgentes para o novo ministro ou ministra. Entre os nomes já confirmados estão Priscila Cruz, do Todos pela Educação, Neca Setubal, da Fundação Tide Setubal e herdeira do Itaú, Denis Mizne, da Fundação Lemann, Ana Inoue, do Itaú Educação e Trabalho e Ricardo Henriques, do Instituto Unibanco.
Alguns deles, como Neca, ligada a Mariana Silva (Rede), declararam apoio a Lula no segundo turno. Ela também deve compor a equipe oficial de transição em Brasília.
Estarão presentes também nomes que compuseram o MEC em gestões do PT, como José Henrique Paim, que foi secretário executivo no governo Lula, e ministro da Educação em 2014, com Dilma Rousseff. Paim está na coordenação da reunião com Haddad. O convite para cada uns do 50 integrantes foi assinado por Leonardo Barchini, também ex-MEC e que hoje faz consultoria política com base em dados de redes sociais.
Já são presenças confirmadas também a diretora do centro de políticas educacionais da Fundação Getulio Vargas, Claudia Costin, e o professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Francisco Soares, ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do MEC responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O evento será em um hotel, na Vila Mariana, zona sul da capital.
O ex-secretário municipal de São Paulo em prefeituras tucanas (José Serra/Gilberto Kassab e João Doria) Alexandre Schneider também foi chamado e estará no grupo. Ele foi presidente do Instituto Singularidades até agosto.
Nomes que já apareceram como ministeriáveis não estarão na reunião, como a governadora do Ceará, Izolda Cela, e Simone Tebet, ex-candidata a presidência pelo MDB, que apoiou Lula no segundo turno.
Os convocados estão entre os mais conhecidos do País pela militância em educação nos últimos anos. Os institutos e fundações, ligados a bancos ou empresas privadas, intensificaram as parcerias com Estados e municípios diante da ausência de coordenação e de políticas educacionais do MEC no governo de Jair Bolsonaro (PL). Na pandemia, foram responsáveis por dar apoio a projetos de ensino remoto, conectividade e combate a evasão em diversas redes. Financiam também projetos de ensino integral, técnico e de apoio ao novo ensino médio.
A maioria dos integrantes da reunião com Haddad divulgou este ano um documento conjunto chamado Educação Já em que faz recomendações para políticas públicas educacionais para os próximos 10 anos. Entre elas estão ações urgentes para mitigar os efeitos da pandemia na aprendizagem das crianças, com inclusão digital e combate ao abandono escolar, financiamento com redução das desigualdades, melhor seleção e desenvolvimento dos professores, foco na primeira infância, alfabetização e no novo currículo do ensino médio.
O mesmo documento cita que o MEC de Bolsonaro foi marcado pela “falta de planejamento, descontinuidade de políticas relevantes, ausência e omissões perante os desafios brasileiros e enfraquecimento institucional”. Diz ainda que as taxas de execução orçamentária do ministério chegaram em 2020 ao menor valor da década, de R$ 32,5 bilhões.
Segundo apurou o Estadão, uma das preocupações imediatas do presidente eleito é o de aumentar o valor da merenda, que não teve reajustes nos últimos anos.
Um outra reunião será marcada em breve com entidades do setor, como Conselho de Secretários Estaduais de Educação (Consed) e Associação de Reitores da Universidades Federais (Andifes).
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