A operação da Polícia Federal (PF) que prendeu cinco suspeitos de planejar a morte do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), além de ser o principal assunto da imprensa brasileira nesta terça-feira, 19, estampou os principais jornais internacionais, como The New York Times, nos Estados Unidos; El País, The Guardian e BBC na Europa; e no argentino Clarín.
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As prisões na manhã desta terça-feira fazem parte da Operação Contragolpe, que identificou um “detalhado planejamento operacional” chamado “Punhal Verde e Amarelo”, previsto para ser executado em 15 de dezembro de 2022.
Os presos foram Mário Fernandes, general reformado que foi secretário-executivo da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro (PL) e ex-assessor do ex-ministro e deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), três “kids pretos”, que são militares do Comando de Operações Especiais do Exército, e um policial federal.
Além de narrarem os fatos decorrentes das diligências na manhã desta terça, as reportagens também relembraram outras investigações, como as invasões do 8 de Janeiro e o atentado a bomba na última semana, cometido por Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiü França, que se matou após o plano fracassar.
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The New York Times (Estados Unidos)
Um dos principais periódicos americanos, o NYT publicou a notícia de que Lula teria sido alvo de um plano de assassinato, parte de um “complô para manter no poder o mandatário de extrema direita em exercício, Jair Bolsonaro”.
Ao jornal, um dos advogados de Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, disse que o ex-presidente “nunca esteve de acordo, nem nunca participou de nenhum tipo de plano desta natureza”. A reportagem também recordou o fato de Bolsonaro não ter reconhecido oficialmente o resultado das eleições de 2022, da qual saiu derrotado nas urnas.
“Seus aliados acamparam em frente a quartéis militares, pedindo aos membros do Exército que anulassem as eleições que, segundo eles, haviam sido roubadas”, cita, referindo-se aos acampamentos golpistas que permaneceram por quase dois meses nos acampamentos, cujo financiamento e organização também fazem parte de investigações da PF.
The Guardian (Reino Unido)
Além de citar detalhes do plano para impedir Lula, eleito em outubro de 2022, de tomar posse do mandato presidencial, o jornal britânico também mencionou que Moraes, um dos alvos do suposto planejamento investigado pela PF, foi a mira do atentado a bombas na Praça dos Três Poderes nesta quinta-feira, 14.
O jornal também afirmou que Moraes lidera as investigações sobre a tentativa de golpe do 8 de Janeiro, quando bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes na capital federal.
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El País (Espanha)
Diferentemente dos demais veículos, o jornal espanhol trouxe o nome de Bolsonaro no título, noticiando que um dos cinco presos, Mário Fernandes, tinha um alto cargo durante o governo do ex-presidente. A reportagem também informou que alguns dos suspeitos foram presos no Rio, onde Lula passou os últimos dias participando de reuniões do G-20.
“Vários dos suspeitos pertencem a um pequeno grupo denominado ‘kids pretos’, formado por soldados da órbita bolsonarista treinados nas forças especiais”, diz o texto, que também relembrou dos ataques do 8 de Janeiro, detalhando que, apesar de parte dos invasores ter sido identificada e condenada pela Justiça brasileira, nenhum dos financiadores e organizadores sentou até agora no banco dos réus.
BBC (Inglaterra)
A BBC, um dos principais jornais ingleses, destacou que essa é a primeira vez que a polícia revela uma suposta tentativa de assassinato contra Lula, relembrando que há outras investigações em andamento sobre tentativas de que o presidente eleito em 2022 não tomasse o poder, citando as invasões do 8 de Janeiro.
Ao citar que a data para o suposto plano era duas semanas antes da posse de Lula, o jornal também relembrou as eleições de outubro daquele ano, as quais Lula venceu Bolsonaro por uma pequena diferença, e que o então presidente nunca aceitou publicamente sua derrota.
Clarín (Argentina)
O jornal argentino trouxe a informação logo abaixo do título de que parte dos presos era membro do grupo que fez a segurança do G-20, no Rio de Janeiro. Como mostrou o Estadão, o Exército afirmou que os três militares da ativa que foram alvos da PF não integravam equipes que atuam na segurança da Cúpula.
Além de detalhar o plano golpista, a reportagem também citou o atentado com bombas em Brasília na última semana, e afirmou que a polícia investiga “possíveis conexões com os eventos do 8 de janeiro de 2023″. “A Suprema Corte é muito criticado pelo bolsonarismo. Um de seus juízes, Alexandre de Moraes, é considerado por Bolsonaro como seu inimigo político e inclusive foi tachado por ele como ‘ditador’”, disse o jornal.
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