BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi apresentado pela imprensa japonesa como um “líder” do Sul Global que teve uma visita repleta de quebras de protocolo no país asiático. Por lá, Lula teve um banquete com direito a samba e que não seguiu o código de vestimenta japonês.

Lula desembarcou no Japão no domingo, 23, e deixou o país nesta quinta-feira, 27, rumo ao Vietnã, também na Ásia. No território japonês, Lula teve reuniões com o imperador Naruhito e com o primeiro-ministro Shigeru Ishiba, onde celebrou a assinatura de acordos bilaterais.
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A imprensa japonesa destacou que essa foi a primeira fez que o Japão recepcionou um líder estrangeiro desde 2019. O motivo da interrupção de viagens de autoridades se deu devido à pandemia de covid-19.
O jornal Nihon Keizai Shinbun, mais conhecido como Nikkei, afirmou que Lula foi recepcionado como chefe de Estado por causa do potencial brasileiro em acordos de cooperação econômica, como “pesquisas conjuntas sobre descarbonização”.
Em um artigo exclusivo para assinantes, o Nikkei também disse que Lula lidera um País que é “potência do Sul Global”.
“Em meio a preocupações com a cooperação internacional, o País pretende diminuir a distância com o Japão, que compartilha interesses comuns com ele na reforma da ONU, e aumentar sua presença na comunidade internacional como um país representativo do ‘Sul Global’, uma região emergente e em desenvolvimento”, escreveu o portal.

O periódico Yomiuri Shimbun afirmou que Nahurito e a imperatriz Masako receberam Lula com samba “para descontrair”. Costumeiramente, os líderes internacionais são recebidos com músicas folclóricas japonesas.
“As músicas normalmente seriam canções folclóricas japonesas, mas foram alteradas a pedido de Suas Majestades, o Imperador e a Imperatriz, que queriam que o casal se sentisse relaxado”, escreveu o jornal.

Já o Asahi Shimbun destacou que, a pedido do governo brasileiro, Lula não seguiu os códigos de vestimenta tradicionais no jantar que teve com a família imperial japonesa. Segundo o jornal, foi a primeira vez que os participantes estavam vestidos com “traje casual”.
“Para o banquete de estado a ser realizado no Palácio de Toyomeiden na noite do dia 25, o código de vestimenta foi alterado dos habituais smokings, fraques e haori e hakama com crista para ternos escuros para homens e vestidos diurnos para mulheres. Esta é uma exceção que foi feita em resposta a uma solicitação do lado brasileiro”, disse uma reportagem do Asahi Shimbun.

A emissora de televisão NHK apresentou que o imperador japonês decidiu, em outra quebra de protocolo, que os pratos japoneses seriam servidas apenas como “aperitivos”. Também houve mudanças no cardápio do banquete entre os líderes dos dois países.
“No banquete no Palácio Imperial, uma refeição francesa de vários pratos foi tradicionalmente servida para convidados de estado. Mas em consulta com o Imperador e a Imperatriz, a culinária japonesa foi servida como aperitivo desta vez. Outras mudanças também foram feitas no menu e na forma como os pratos foram servidos”, disse a emissora.
Antes da visita de Lula, a última vez que um líder brasileiro foi ao Japão foi na visita do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2019. Na ocasião, Bolsonaro disse que “pouco comeu” as comidas servidas pela equipe de Naruhito e recorreu ao macarrão instantâneo.
“Não comi nada ontem. Eu acho que comi 5% do que pintou na mesa ali. E não tinha baiacu ou tambaqui”, disse. “Nós fizemos ontem ali (macarrão instantâneo). O cozinheiro é cada dia um, às vezes sou eu também”, disse Bolsonaro ao jornal Folha de S.Paulo.
O jornal Sankei Shimbun escreveu que o imperador e o primeiro-ministro japonês se sentiram satisfeitos com as reuniões com Lula. Ishiba anunciou que Japão e Brasil adotarão um plano de ação até 2030 com atenção nas áreas de economia, diplomacia, segurança e meio ambiente. O petista, por sua vez, apresentou a Naruhito pesquisas brasileiras sobre questões hídricas.
“Após apertar a mão do presidente Lula, o Imperador disse: “Estou convencido de que as relações amistosas entre nossos dois países se aprofundaram ainda mais”, disse Naruhito segundo o Sankei Shimbun.
