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Indicações para ministérios e equipe econômica mostrarão divisões internas na coalizão de Lula

Disputas de poder são fortes nesta etapa de montagem do governo, em que cada um busca seu espaço, mas continuarão relevantes depois da posse

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colunista convidado
Foto do author Silvio Cascione

Diplomado nesta segunda-feira, o presidente eleito Lula estará habilitado para assumir a Presidência da República dia 1º de janeiro. A seu lado, mais de 30 ministros, além de chefes de estatais e outras instituições, que começam a ser conhecidos nesta semana.

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Muito já foi dito a respeito da grande coalizão de Lula, que irá da esquerda até partes da centro-direita. Para um presidente que foi eleito sem base majoritária no Congresso, e com grande desconfiança de quase metade do eleitorado, é mesmo muito importante governar com representantes de fora da esquerda.

Mas essa ampla coalizão, naturalmente, terá muitas divisões internas. Já tem sido assim durante a transição do governo, e continuará sendo depois da posse. As disputas de poder são fortes nesta etapa de montagem do governo, em que cada um busca seu espaço, mas continuarão relevantes depois da posse, e especialmente quando a popularidade de Lula começar a cair. É importante, portanto, prestar atenção nas frentes de conflito para entender o futuro governo.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebe diploma de presidente eleito das mãos do presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes Foto: Wilton Júnior/Estadão

Uma primeira constatação é a provável insatisfação do PT com o espaço do partido dentro do governo. Algumas pastas, como Saúde, Educação e Desenvolvimento Social, estão no centro de uma disputa entre diferentes integrantes do PT – com perfil mais técnico ou político – e entre partidos aliados. Ainda que o PT ocupe espaços importantes na Esplanada, é provável que tenha uma participação menor neste governo do que nos anteriores.

Essas divisões, porém, também se manifestarão de maneira importante na política econômica. A orientação de Lula é clara no sentido de que deve haver um equilíbrio entre responsabilidade fiscal e compromisso social; também há um esforço conjunto para construir pontes com o setor privado. Mas há, e continuará havendo, divergências internas sobre as melhores estratégias para alcançar esses objetivos. Assim como em governos anteriores do PT, a composição dos ministérios da Fazenda, Planejamento, Indústria, e estatais como Petrobras e BNDES refletirão uma equipe heterogênea, com inclinações diferentes a respeito do nível ideal de gasto e da urgência de mais impostos ou de medidas mais duras para reconquistar a confiança do mercado.

Os nomes a serem indicados nesta semana darão mais detalhes sobre essas divergências internas, e o grau de influência do PT, do vice-presidente Geraldo Alckmin, e de partidos aliados sobre as políticas econômica e social desse governo.

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