O candidato à Presidência pelo Novo, Luiz Felipe d’Avila, disse nesta segunda-feira, 29, que o segmento da infraestrutura virou cabide de corrupção no Brasil e que, para parte do setor privado, é “melhor capturar o governo do que fazer mercado”. Ele defendeu o corte de subsídios e uma política focada nas empresas dispostas a se tornarem competitivas no cenário internacional.
“Precisamos seguir o exemplo do agro que mostra que, apesar de todas as dificuldades, é competitivo internacionalmente”, afirmou.
O candidato defendeu um crescimento econômico em torno de 4% de PIB em infraestrutura. “Hoje estamos fazendo esforço para bater 2%”, avaliou. Disse ainda que os investimentos no setor são sacrificados pelas elevadas despesas públicas.
”Temos que tirar esse Estado pesado, caro, ineficiente das costas do setor privado, que gera emprego e riqueza. Hoje o setor privado é estrangulado pelo governo brasileiro. O que decide se um país é próspero é um bom governo”, afirmou.
Ele participou do “Abdib Fórum 2022 - Agenda da Infraestrutura com presidenciáveis”, organizado pela Associação Brasileira da Infraestrutura e das Indústrias de Base.
Luiz Felipe d’Avila defendeu também o retorno do investimento público em infraestrutura no País, mas condicionou o gasto no cumprimento ao teto de gastos do Orçamento. “É fundamental retomar o investimento público no País, mas precisamos restabelecer o teto de gastos”, disse. A Abdib tem defendido o fim do atual teto de gastos para propiciar o aumento do investimento público em infraestrutura.
O candidato do Novo criticou o “gasto irresponsável” do atual governo Bolsonaro e disse ser preciso enfrentar o “excesso de gasto em pessoal e benefícios” por meio de uma reforma administrativa. Também criticou a “perda de credibilidade” das agências reguladoras, pois prejudica os investimentos na infraestrutura.
D’Avila ainda ressaltou ter atenção com as regulamentações do Congresso que tratam do setor, como o marco do saneamento. “O problema é que o Congresso tem lobistas de todas as corporações públicas e privadas, menos de quem paga imposto”, afirmou. Ele defendeu também uma punição maior para quem quebrar contratos como forma de reduzir os riscos jurídicos.
O candidato propôs que Estados e municípios participem mais dos processos de concessões públicas, reduzindo o maior protagonismo do governo federal. O principal problema no setor da infraestrutura hoje, segundo ele, é a falta de coordenação entre os setores público e privado e a sociedade civil. “O mais importante é acertar a governança e a coordenação dos projetos para viabilizar os investimentos.”
Privatização
Ele defende privatizar estatais como Petrobras, Caixa Econômica e Banco do Brasil para aumentar a concorrência e melhorar a qualidade dos serviços oferecidos. O desmembramento da empresa em várias outras é um caminho para evitar a monopolização e a elevação de preços, segundo ele.
O candidato criticou o papel público da Petrobras diante de uma realidade que caminha para carbono neutro. “No caso da Petrobras, você tem uma estatal que produz energia fóssil, que cada ano vai valer menos porque o mundo está indo para outro tipo de energia”, disse.
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