Invasões podem alimentar polarização ideológica, diz Coalizão Brasil sobre ações do MST

Entidade repudia ‘veementemente’ a invasão realizada nesta semana de três propriedades da empresa Suzano, na Bahia

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Foto do author José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA – As invasões do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em áreas produtivas da empresa Suzano no sul da Bahia podem “alimentar a traumática polarização ideológica” que acomete o cenário nacional, segundo nota divulgada nesta terça-feira, 1, pela Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, que reúne centenas de representantes do Agronegócio, incluindo a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), além do Carrefour, banco Bradesco, BTG Pactual, entre outras empresas. “A sociedade tem mais a ganhar se nos dedicarmos a reconstruir pontes”, disse.

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No texto, a Coalizão repudia “veementemente” a invasão realizada nesta semana de três propriedades da empresa Suzano, nos municípios de Caravelas, Mucuri e Teixeira de Freitas. Segundo a nota, o ato ignora preceitos constitucionais e prejudica a geração de emprego e renda na região.

“Os enormes desafios fundiários existentes no Brasil não devem ser enfrentados a partir de ações ilegais que impactam propriedades produtivas ou comprometem empreendimentos econômicos que geram empregos e mobilizam a economia local e nacional. A ocupação de imóveis que cumprem esta função social não pode ser aceita em hipótese alguma”, diz a nota.

A Coalizão Brasil é um movimento multissetorial que reúne mais de 340 empresas, organizações da sociedade civil, setor financeiro e academia. Segundo a nota, os primeiros afetados pela paralisação de um empreendimento são aqueles diretamente envolvidos em sua operação.

O texto aponta um ponto sensível para alcançarmos o desenvolvimento econômico sustentável, ser “absolutamente fundamental assegurar condições de produção e prosperidade para pequenos produtores, inclusive populações tradicionais, quilombolas e indígenas.”

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A Coalizão defende que o poder público implemente políticas públicas robustas para alcançar esse objetivo, citando o documento “O Brasil que vem: propostas para a agenda agroambiental do país a partir de agora”, lançado em novembro e voltado para governos e parlamentares eleitos.

Nele, o movimento elenca medidas que podem contribuir para reduzir a desigualdade no campo, como a disponibilização de créditos para a agricultura familiar e a integração de programas voltados a pequenos produtores, como assistência técnica, Bolsa Verde e Luz para Todos.

Em nota, a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura repudiou 'veementemente' a invasão a propriedades da Suzano na Bahia. Foto: MST

A Coalização Brasil encerra a nota dizendo que se coloca disposta e interessada em participar e contribuir no debate público democrático, necessário na construção e implementação de políticas públicas voltadas para promover a paz, a sustentabilidade e a prosperidade no campo.

A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), que congrega 100% da área plantada com soja em território nacional, disse que esse tipo de violência é um retrocesso e uma afronta ao estado democrático de direito e ao direito de propriedade. “Tais práticas, que já haviam sido praticamente reduzidas a zero nos últimos anos, acendem um sinal de alerta a todos os empreendedores rurais e às suas famílias que investem tempo e dinheiro na produção de alimentos a todos os brasileiros”, disse, em nota.

A Sociedade Rural Brasileira (SRB) também condenou a retomada das invasões de propriedades. “A ação desses movimentos fere o direito de propriedade e traz insegurança jurídica para o campo. Conclamamos que as autoridades tomem medidas imediatas para reintegrar essas áreas assim como para conter esses movimentos, que estão praticando atos criminosos de invasão de propriedade privada e áreas produtivas.” A entidade disse ser inconcebível que o setor, importante pilar econômico do país e produtor de alimentos para o Brasil e o mundo, volte a viver momentos de insegurança e violência.

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A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), uma das principais entidades do setor, não havia se posicionado sobre as novas invasões do MST até o fim da tarde. Recentemente, ao falar ao Estado sobre a expectativa em relação ao governo Lula, o presidente João Martins da Silva Junior disse que era preciso que o governo proporcionasse segurança jurídica para o produtor, defendendo-o inclusive das invasões de terra.

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) informou que tem conhecimento das ocupações dos imóveis na Bahia, mas não deu detalhes sobre eventuais ações para mitigar o conflito. Segundo o órgão, a legislação prevê que a verificação de produtividade está condicionada à vistoria e fiscalização dos imóveis. Em caso de ocupação, o imóvel rural não pode ser vistoriado, avaliado ou desapropriado nos dois anos seguintes à sua desocupação.

Leia a íntegra da nota da Coalizão:

A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura repudia veementemente a invasão realizada nesta semana a três propriedades da empresa Suzano nos municípios de Caravelas, Mucuri e Teixeira de Freitas, na Bahia. O ato ignora preceitos constitucionais e prejudica a geração de emprego e renda na região.

Os enormes desafios fundiários existentes no Brasil não devem ser enfrentados a partir de ações ilegais que impactam propriedades produtivas ou comprometem empreendimentos econômicos que geram empregos e mobilizam a economia local e nacional. A ocupação de imóveis que cumprem esta função social não pode ser aceita em hipótese alguma.

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Vale destacar que os primeiros afetados pela paralisação de um empreendimento são aqueles diretamente envolvidos em sua operação. Além disso, as invasões podem alimentar a traumática polarização ideológica que acomete o cenário político nacional. A sociedade tem mais a ganhar se nos dedicarmos a reconstruir pontes.

Este é um ponto sensível para alcançarmos o desenvolvimento econômico sustentável, e é absolutamente fundamental assegurar condições de produção e prosperidade para pequenos produtores, inclusive populações tradicionais, quilombolas e indígenas.

A Coalizão Brasil defende que o poder público implemente políticas públicas robustas para alcançar este objetivo. No documento “O Brasil que vem: propostas para a agenda agroambiental do país a partir de agora”, lançado em novembro e voltado para governos e parlamentares eleitos, o movimento traz uma série de medidas que podem contribuir para reduzir a desigualdade no campo, como a disponibilização de créditos para a agricultura familiar e a integração de programas voltados a pequenos produtores, como assistência técnica, Bolsa Verde e Luz para Todos.

A Coalizão Brasil se coloca disposta e interessada em participar e contribuir no debate público democrático, necessário na construção e implementação de políticas públicas voltadas para promover a paz, a sustentabilidade e a prosperidade no campo.

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