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Irmãos Brazão negam envolvimento no assassinato de Marielle em depoimento ao Conselho de Ética

Em testemunho ao Conselho de Ética, Chiquinho diz que Ronnie Lessa, que apontou ele e o irmão Domingos como mandantes do crime, ‘está protegendo alguém’

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Foto do author Levy Teles

BRASÍLIA — O deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), preso preventivamente sob a acusação de ter planejado o assassinato da ex-vereadora do Rio Marielle Franco, reafirmou sua inocência no caso e novamente disse ter tido boa relação com Marielle na Câmara Municipal do Rio.

“Eu, como parlamentar, sou inocente, e evidente que sei que existe o processo, é normal, mas continuo afirmando que sou inocente”, afirmou. “A relação com Marielle, por incrível que pareça, é maravilhosa.”

Chiquinho Brazão negou envolvimento no assassinato de Marielle Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução via YouTube

Chiquinho também afirmou que Ronnie Lessa, que confessou ser o autor dos disparos que mataram a então vereadora, quis “obter benefícios” na delação feita. “Acreditamos que ele está protegendo alguém”, disse.

Chiquinho testemunhou no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados nesta terça-feira, 16. O colegiado julga a sua cassação do mandato parlamentar dele.

Domingos Brazão e Chiquinho Brazão estão em diferentes prisões federais Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução via YouTube

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Domingo Brazão, conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Rio de Janeiro, também depôs nesta terça-feira, 16. Ele negou conhecer Marielle e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa, suspeito de ajudar a montar o plano para matar Marielle e de usar o cargo para obstruir as investigações sobre a morte da vereadora.

“Um absurdo o que aconteceu com a vereadora. Infelizmente no Rio de Janeiro já aconteceu com vários outros parlamentares. Eu pessoalmente não conheci a vereadora, mas é claro que é um absurdo esse crime”, afirmou.

Domingos também discursou em defesa de Chiquinho, seu irmão, e chegou a chorar durante o depoimento. “Meu irmão é pai e avô, ele nunca teve problema com ninguém. É uma vergonha o que aconteceu, infelizmente”, disse. “Nós somos inocentes. Não temos nada com isso, Não participamos de forma alguma. Minha família está sofrendo.”

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Os irmãos estão em duas diferentes prisões federais. Domingos em Campo Grande, e Chiquinho em Porto Velho.

Essa foi a última parte do processo contra Chiquinho na Conselho de Ética antes da apresentação do relatório feito pela deputada Jack Rocha (PT-ES).

O presidente do colegiado, Leur Lomanto Júnior (União-BA), prevê que o relatório deverá ser apreciado pelos integrantes na retomada do recesso parlamentar, no começo do mês de agosto.

Caso o Conselho de Ética vote pela cassação, o deputado ainda poderá recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que deve votar o recurso em até cinco dias úteis.

A decisão final do colegiado passa por votação final no plenário da Câmara. A cassação exige o mínimo de 257 votos — isto é, maioria absoluta — dos deputados.

Como mostrou a Coluna do Estadão, o caso de Chiquinho Brazão no Conselho de Ética deve ser encerrado apenas em setembro. Isso significa que ele continua como deputado federal até lá, o que pode somar mais de R$ 400 mil em salários para ele e os 25 funcionários do gabinete no período.

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